Marília Mendonça, a tragédia
O avião, o turboélice King Air da Beechcraft, tem sólida reputação. Nos anos 1980, era chamado de Rolls Royce dos ares. Não tinha lá grande velocidade, cruzeiro em torno dos 400 Km/h. Mas era pressurizado, seguro, pousava e decolava em pistas curtas sem asfalto, um jipão.
Imagem de internet
Então tinha uma torre de alta tensão no caminho da reta final da pista do aeroporto de Caratinga, fato sobejamente alertado pelos pilotos através das Notan, notificações de pilotos sobre assuntos que envolvem segurança aérea. Por um motivo desconhecido, os pilotos do King Ari fizeram o último percurso, a reta final, abaixo da altura padrão. Na linguagem aeronáutica, entrou baixo. Deu no que deu. Se neste momento crucial houve alguma falha mecânica, como perda de potência, a perícia deverá achar.
Quem veio antes em Caratinga, o aeroporto ou as torres de alta tensão?
Tem que considerar que Caratinga fica a 700 metros de altura, então motores precisam ser mais exigidos. Pouco, no caso, mas são. É bom lembrar que desastre de avião não tem uma só causa, é uma sucessão de eventos que terminam em tragédia. Pode até começar com uma noite mal dormida dos pilotos ou dos mecânicos ou um parafusos solto.
Marília, a desconhecida
Devagar. Desconhecida pela mídia cult, que detesta coisa de gentinha, a que ignora música desse tipo. Tanto que boa parte de nós nem a conhecia, a pergunta mais comum foi “quem é?”. Mas a parte que gostava dela viu seus clipes 330 milhões de vezes só em 2020. Estilo “sofrência”, a popular dor de cotovelo, estilo musical que teve seu auge as décadas de 1950 e 1960.
A campeã do cotovelo
“Ninguém me ama/Ninguém me quer/Ninguém me chama/De meu amor/A vida passa/Eu sem ninguém/E quem me abraça/ Não me quer bem”.
E por aí vai a sofrida letra do então samba-canção, expressão que foi usada para definir cuecas largas. Nunca descobri o motivo, nada a ver. O compositor era famoso, Stanislaw Ponte Preta, codinome do jornalista carioca Sérgio Porto, mais conhecido por seu bom humor em tudo que escrevia e compunha. Inclusive um samba famosíssimo cujo nome hoje não pode ser dito, sob pena de ser considerado racista.
Um vazio
De duas ou três semanas para cá, a imprensa em geral estava como alguém perdido no deserto, procurando água para saciar sua sede de informação relevante. De irrelevâncias estamos cheios, aliás, embora os fatos estejam aí e não são achados pela magreza das redações e das mentes. De forma que a morte da cantora preencheu o espaço. E mais não digo em respeito à falecida, um fim cruel para alguém cheia de vida, com apenas 26 anos, e filho de quatro.
Momento saudade
Na verdade, o tipo de música que relatava as dores de cotovelo, se chamava não de cuecas largas, mas, mela-cuecas. Por motivos óbvios.