Jeitinho alemão
Há nove anos publiquei na página 3 “Começo de Conversa”, do Jornal do Comércio de Porto Alegre, da qual sou editor, a foto de um relógio analógico sem os ponteiros da estação ferroviária de Tübingen, Alemanha. A explicação, enviada pela leitora Annemarie Frank, foi que lá tinha o jeitinho alemão.
Como a máquina estava sendo consertada, retiraram os ponteiros para evitar que algum passageiro fosse induzido ao erro. Fiz a nota pelo lado de que não é só brasileiro que é malandro no jeitinho.
O assunto evoluiu porque estudantes brasileiros que lá estudam comentaram a curiosidade aos seus colegas alemães pelas colunas dos jornais brasileiros. O tio da leitora, que mora em Tübingen, naturalmente divulgou meu comentário no círculo dele.
A essa altura, os moradores começaram a cobrar da municipalidade a demora no tal conserto. Um deles enviou uma carta ao jornal local, o Schwäbisches Tagblatt.
Dias depois, recebi a reprodução da carta de um leitor à publicação, na qual ele se diz incomodado com a demora em resolver o problema porque “viramos chacota no Brasil, no jornal Começo de Conversa” – faltou o nome do JC na nota.
O relógio foi consertado em seguida, na pressão. É para ver como é espantosa essa internet. Eu gostaria muito de contar essa história para o meu querido pai, que nasceu na Alemanha. Eu consegui, do Brasil, acelerar o conserto de um relógio alemão com uma simples nota de jornal. Te mete!
Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.
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