Ilusão perdida
Em tempos idos, as comemorações do Sete de Setembro eram de congraçamento nacional, Unidos com o fervor do Fogo Simbólico trazido por maratonistas e voluntários, desde as margens do Ipiranga, e copiado para todo o Brasil. Chegava no dia primeiro e era extinto à meia-noite do dia 7.
Nas cidades do interior, era costume que estudantes do ensino médio fossem escolhidos para guardar o Fogo Simbólico, geralmente exposto em pira na praça principal da cidade. Eu fui um deles, todo pimpão com a honraria, orgulhoso da função.
Numa madrugada, estava eu no meu posto quando passa o borracho Cabeleira. Adernado em ângulo de 30 graus, perguntou o que estava fazendo.
– Guardando o Fogo Simbólico!
Cabeleira estava quase perdendo a guerra contra a gravidade.
– Ah é? E quem vai querer roubar?