Êta, mundo grande sem porteira
Então chegamos na sexta-feira com muitas dúvidas e certezas. Nas primeiras, a demora de Lula em escolher os principais nomes para a economia, especialmente o ministro da Fazenda, é como marcar uma cirurgia sem saber quem será o cirurgião, como falou o economista Marcelo Portugal. Nas certezas, é certo que, assim como a natureza detesta o vácuo, governos acabam escolhendo os nomes antes de começar a governar. Então fé em Deus e pé na tábua.
Aviso aos navegantes
O que me preocupa mais é a questão das fortes chuvas, inundações e deslizamentos de terra no Paraná e em Santa Catarina. Parece que estamos em dezembro de 1982, exatos 40 anos.
Novembro e início de dezembro daquele ano foi como hoje, temperaturas amenas de noite, com direito a um ventinho frio de madrugada, desses de puxar um lençol ou coberta leve. Enquanto isso, Paraná e Santa Catarina sofreram com inundações.
No final de dezembro, lembro bem que foi dia 30 ou 31, tudo mudou. Janeiro teve um calorão desses de até cacto pedir água. De tanto calor, o asfalto derretia em alguns pontos e ruas.
Semanas depois, desandou a chover e veio a famosa enchente de 1983 no Rio Grande do Sul. Espero sinceramente que não se repita. Mas sabe-se lá o que o guardião da torneira lá de riba programou.
Cordeirinhos marinados
Uma situação que é bem uma marca registrada nossa. A proliferação dos condomínios horizontais no Litoral sem a contrapartida em infraestrutura de parte das prefeituras levou um leitor a comentar que vai e vem e tudo fica por isso mesmo.
O proprietário do imóvel volta no ano seguinte mesmo que a infraestrutura seja ruim, paga seu IPTU lá, mas não vota lá. Então, por que se preocupar com o que ele está achando?
Vou dizer uma coisa. Apesar de toda a nossa valentia e amarração de cavalos no Obelisco no Rio de Janeiro na Revolução de 1930, nós somos mesmo é cordeirinhos com relação aos nossos direitos. Já nem falo dos deveres, que costumamos esquecer.
Em suma, somos péssimos consumidores, mesmo achando o contrário. Como disse um Chef francês que nos visitou há alguns anos, só vocês pagam 20 dólares por um simples prato de massa. Digo mais: reclamamos dos acessórios e deixamos passar o principal.
Vaidade das vaidades…
O teu nome é vaidade. Mesmo quem realiza boas ações é movido pelos mais nobres sentimentos sem nenhuma ligação com outro motivo interior, certo? Não para o padre e teólogo francês Nicholas Malebrance (1638-1715).
A vaidade é tão natural para o homem que ele não a percebe, diz o padre. “Os homens não percebem suficientemente que é a vaidade que dá ímpeto à maioria de suas ações”.
Lembram da última fala do Diabo-Al Pacino no filme O Advogado do Diabo? A vaidade é o único dos sete pecados capitais que nunca desaparecerá. Olhem ao redor.