Dias de sangueira

10 mar • NotasNenhum comentário em Dias de sangueira

De alguns tempos para cá, a cizânia atingiu o Rio Grande do Sul velho com força total. Um grita, mata, e outro, esfola. Faz parte da nossa história como sabemos, como a Revolução da Degola de 1893, considerada a mais sangrenta das guerras. O nome já diz tudo.

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Mas o que é isso, companheiro? Não éramos os gaúchos alegres e cantantes, apreciadores de um bom assado, trova na roda de chimarrão e pé-de-valsa nas bailantas do CTG? Que nada, nosso negócio é guerrear. Mesmo sendo contra nós mesmos.

Um erro leva a outro

O episódio condenável dos safristas baianos na Serra Gaúcha levou a boicote dos produtos das vinícolas envolvidas, despautério onde até a Santa Madre – leia-se CNBB – ordenou os católicos que não comprassem seus produtos.

Onde fica o perdão. Onde fica a condenação rigorosa desse triste episódio, sem apelar para uma atitude que só vai prejudicar os trabalhadores da cidade e do campo? É a consagração da raiva pura e inconsequente.

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Outra guerra santa é com certa passagem do Hino Rio-grandense. O pior defeito é ver o passado com os olhos do presente. Então, é típico de quem vê a história em visão binocular, sem contextualizá-la.

A Santa Inquisição, que de santa não tinha nada, torturou matou e mutilou centenas de milhares de pessoas no seu auge, na Idade Média. A Igreja Católica também estará sentada no bancos dos réus no Dia do Juízo Final, sem dúvida.

Talvez com bons advogados, consiga habeas corpus. O diabo é que bons advogados estão todos empregados pelo diabo.

Exageros palacianos

Lula disse que o impeachment de Dilma Rousseff foi um atentado contra todas as mulheres. Botaram alguma coisa na água mineral que o presidente bebe, só pode.

Vivemos tempos de demagogia intensa dos dois lados. No meio, o eleitor que não votou em nenhum dos dois candidatos. A soma das rejeições deu 81% do eleitorado, então viva o presidente do Brasil, Rejeição da Silva. Durma-se com um barulho desses.

A república dos covardes

Com a redução e até desaparecimento dos fiscais de trânsito durante e após a pandemia, o trânsito virou um salve-se quem puder. Faixa de segurança, o que é isso?

Ciclistas de aplicativos pedalam a milhão por entre transeuntes. Boa parte dos ciclistas em geral não obedece semáforo e circula na contramão.

Se um pedestre reclamar, é xingado. Como nos carros, em cima de uma bike todo mundo é valente. Isso porque, por mais que o pedestre corra, eles são mais rápidos.

Mas não há de ser nada. Dias piores virão.

Chá de sumiço

A pandemia e seus efeitos causaram sumiços generalizados. Hábitos de consumo mudaram de água para vinho, o azimute tomou o lugar na cordialidade, a chamada bipolaridade brasileira – que é enganosa, e explicarei pelo dito acima, a soma das rejeições – chegar sempre com duas pedras em cada mão, a irritação permanente tudo turbinado pelo dinheiro curto para muitos e pelo excesso de dinheiro em outros. Não dá para ser feliz.

Às vezes, a alegria vem do caniço

Dona Vera, 62 anos, ´dá duro engraxando sapatos todos os dias na sua cadeira na Praça da Alfândega. Tirou duas semanas de férias em Tramandaí e voltou com a boca na orelha.

Pescou cerca de 20 quilos de peixes na plataforma. “Até uma corvina grande peguei”. E abre os braços para mostrar o tamanho. Às vezes, a felicidade está na ponta do caniço.

A felicidade é uma confecção

Quando conversava com ela, lembrei de um texto dos anos 1950. Texto que falava da alegria das coisas simples e o universo em miniatura que cada um criava, por menor que fosse o espaço disponível. Um dos subtítulos deste escrito acabou virando ditado: o homem feliz só tinha uma camisa.

Um futuro incerto

Em diversos países da Europa, como a França, os jovens saem das cidades grandes e vão ao campo viver uma vida simples. Plantam produtos orgânicos, que são vendidos em feiras ecológicas. O resto é para consumo próprio ou escambo com vizinhos.

O problema é que se isso virar moda geral, dado o declínio e domínio do Crime S.A. nos centros urbanos, todo esse caos pode tomar conta dos últimos lugares onde um homem com uma só camisa pode ser feliz.

Ressignifcar quântico

Será realizado em Porto Alegre o primeiro workshop sobre “Ressignificar Quântico”, recentemente chancelado pelo MEC, a partir de hoje, dia 10/03, e final de semana, 11 e 12/03, no Hotel Plaza São Rafael. O curso será ministrado pela terapeuta Carol Prado.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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