Desvio de função
Entro no Google para saber onde servem moqueca de camarão em Porto Alegre. O primeiro da lista diz “Exames de Sangue”, depois vem algumas casas. Pôxa, acabei de fazer 42 exames de sangue Raio X, ecografia e o escambau, felizmente todos bons, que detectam até a unha encravada que tive no século passado e já me pedem outro? E logo tu, Google qual é?
Para quem gosta de camarão em todas as suas formas a lista de casas que oferecem este crustáceo não é lá muito grande. Engraçado, bastou abrir um restaurante com ele no cardápio que lota.
E da lista, a maioria é dos caros. Bons, mas não são para qualquer bico E aí vem o problema: de que tamanho de camarão me hablas, companheiro?
Para efeitos gastronômicos, eu divido o tamanhão em três tamanhos.
O primeiro chamo de camarão de permuta, ou onde estás que não te vejo. São as miniaturas que, no máximo, servem para fazer pastéis. E não caiam na conversa de bodegueiro que camarão pequeno tem mais gosto. Isso não existe. Só diz isso quem nunca comeu camarão de verdade.
O segundo é o camarão médio, mas atenção. Ele parece médio para grande antes de ir para a panela. Depois de cozido, se encolhe mais que candidato que tirou o último lugar na eleição. Mas vá lá, melhor que o pequeno que precisa de lupa para enxergar.
O terceiro é o camarão rosa, realmente grande, cujo preço não pode ser pago para a maioria dos assalariados. Lamento dizer que me incluo nessa faixa.
Cultura inútil: antes de ser pescado, o camarão é reto. Aquela curvatura que parece espinha de político advém do cozimento ou fervura. Ele fica curvo porque desidrata.
Há um truque que algumas casas fazem para parecer que o prato tem esse fruto do mar maior do que é. Consiste em colocar dois ou três médios seguidos de vários pequenos, caso de massa ou arroz de camarão. Alguns são tão espertos que colocam os grandinhos bem à vista, os demais eles enterram. Mas o preço é como se fossem todos acima da média.
O melhor que já comi nestas plagas foi o do Coco Bambu, mas o Rei do Camarão não fica atrás. Moqueca tem que ter leite de coco e dendê, estamos conversados. Tem a versão capixaba, que não leva azeite de dendê. É light, é para as crianças brincar de cozinhar em casa.
Mesma coisa essas pimentas que estão por aí. Não precisa ter muita ardência, até pode, mas o essencial é o GOSTO dela.
Letras imortais
Tu sabes que eu te quero/apesar de ser traído/pelo teu ódio sincero/ou pelo teu amor fingido.
Trecho da música Pra que Mentir, de Noel Imortal Rosa.
Dia do WhatsApp
Dia dos Namorados também é o dia dessa plataforma. Namoros de jovens começam e terminam por ele, conversas frente a frente são substituídas por ele, mesmo que os casais estejam a meio metro de distância. Também é o dia do vinho. Se a namorada não sabe o que dar para o namorado compra um vinho. Mandar rosas, essas coisas antigas, nunca mais. Pelo menos ainda se beijam.
Emoções
A INsensato e a Vidativa Terapias estão oferecendo pacotes “Emoções” para o Dia dos Namorados, nos quais estão incluídas terapias com banho de espuma, reiki, massagem relaxante, reflexologia podal, esfoliação, além de uma peça de roupa da INsensato. O casal recebe como brinde um snack e uma taça de vinho. Acompanhem pelo Instagram.
Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.
