De pernas pro ar

4 maio • NotasNenhum comentário em De pernas pro ar

O mundo, triste mundo, chegou a um ponto que não se sabe mais o que é certo ou o que é errado. É uma ironia fantástica o fato de, em plena Era de Facilidade de Comunicações, não consigamos nos comunicar sem perigo de receber alguma falsidade de volta.

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As notícias falsas são em maior número que as verdadeiras. E, e mesmo estas, mais confundem do que esclarecem. E sabem por quê? Porque ninguém sabe rigorosamente nada sobre quase tudo, incluindo eleições.

https://cnabrasil.org.br/senar

Se você ler o noticiário político dos jornais chega ao final sem saber se a terceira via é natimorta, se João Doria vai ser expelido pelos caciques tucanos, se o ex-governador Eduardo Leite está ou não na parada, se é verdade que a campanha de Lula é bombardeada pelos próprios dirigentes petistas, se a diferença entre ele e Bolsonaro de fato caiu e se Simone Tebet vai ou não ser chutada para escanteio.

De todas essas tricas e futricas alguma coisa é iluminada pela luz da certeza. No caso das pesquisas, todas elas mostram que o percentual dos pesquisados que votariam em Lula permanece praticamente o mesmo desde o início do ano. Então resta saber se Bolsonaro caiu ou subiu e quanto. Nem por isso dá para saber como será o amanhã.

Na gangorra

Sobe e desce é o lema de eleições complicadas e polarizadas como essa de 2022. Os índices de rejeição oscilam e imagino que sejam eleitores indecisos que, na dúvida, pulam de um canto para outro.

Sempre digo que, em início de campanha, tem o voto chute no balde. O cara acorda mal-humorado, a inflação comeu seu salário, a vida está uma bosta ao quadrado e vem o pesquisador perguntar em quem ele vai votar. Pode ser o balde mais próximo e, no fim do dia, ele pode cambiar de intenção de voto.

No fundo, toda a visão de mundo depende do jeito que você acorda.

A guampa torta do sacristão 

Parece aquela história do sacristão que todas as manhãs leva sorridente a bandeja do café da manhã para o bispo.     

– Bom dia, vossa excelência reverendíssima! O dia está maravilhoso, o café foi feito na hora, o pão está fresquinho, a manteiga é de primeira  e os fiéis lotam a igreja. 

Um dia, o sacristão acorda com a guampa torta e esgotou a cota de respeito. Entrou com a bandeja no quarto do bispo e, antes que pudesse falar, o santo homem corta o lero.     

– Já sei,  o dia está lindo, o café é fresquinho,  o pão e novo, a mant…  Foi a vez do sacristão interrompê-lo.     

– Não mesmo! Tá chovendo pra caramba, não é café, é chá, o pão é da semana passada e não é manteiga, é margarina que o senhor detesta e não tem fiel porra nenhuma. 

Largou a bandeja na mesa com estardalhaço e foi embora bufando.  

Pois o cidadão comum tem vontade de fazer a mesma coisa se tivesse um bispo à mão. Como não tem, descarrega no candidato mais próximo, já que na patroa é perigoso.

Não só ele. Também tenho vontade de ser sacristão.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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