Como fazer mal feito

18 set • A Vida como ela foiNenhum comentário em Como fazer mal feito

O ilustre leitor ou leitora que me lê foi eleito presidente de uma empresa. Assim que for registrada, a urgência é armar uma equipe para que você possa dizer no futuro que foi o melhor presidente da companhia em todos os tempos, desde que ela foi criada. No mínimo, um grande presidente.

Assim que as palmas cessaram e as flores da sua enorme sala foram retiradas, chama um amigo muito chegado para ajudar na tarefa de escolher o time dirigente. Não é tarefa fácil, porque há amigos, amigos da onça e pessoas a quem você deve um favor, que o ajudaram a chegar no topo.

Tão logo começou a elencar alguns nomes, os futriqueiros de plantão dizem que foi mal, escolheu fulano e deveria ter escolhido beltrano. Além dos corneteiros, também pessoas da sua roda querem uma chance. Depois de muita briga, finalmente a turma que vai ajudá-lo nessa árdua tarefa está alinhavada.

Qual o quê. Não demora e seus amigos conselheiros sopram no seu ouvido que tem que contentar outras gentes que precisam de um carguinho. É bem verdade que a maior parte está de olho na diretoria das filiais ou pensa que, numa futura assembleia geral ordinária, talvez lembrem que pode ser seu sucessor. 

Se não atender essa turma, eles não só vão falar mal de você como vão sabotá-lo nas reuniões. Mal começou a sua gestão, e terá que fazer substituições, mesmo que estejam dando certo.

Mais uma vez você ouve que os escolhidos não são bons nomes, não têm expertise no ramo, gerenciam mal, e têm pecados e pecadilhos no passado, alguns bem cabeludos. Ignorar é dar chance ao azar. Mas o que fazer se a máquina precisa andar contentando os que podem dar prejuízo à sua imagem mesmo sendo incompetentes como só eles sabem.

Com o correr do tempo, você fica sabendo de que foi mal nessa arrumação improvisada, até comprometer seu trabalho. Paciência, o jogo é assim. E você também quer tocar o barco, porque atrás vem gente e os acionistas estão de olho.

Senhores e senhoras, é assim que se forma um Ministério na empresa chamada Brasil.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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