Como era verde meu vale
Quem vê a decadência dos jornais impressos e viveu os tempos em que eles e as revistas eram donos do campinho fica tomado por uma certa melancolia e saudade de quando o mundo girava mais devagar e não tinha tanta gente a afundá-lo.
Nos anos 1970, só as assinaturas do Correio do Povo pagavam toda a folha e ainda sobrava dinheiro. A televisão começava sua ascensão, e passou a sugar propaganda. Como o dinheiro não se multiplica, botar na tela tirava do papel. Por isso Breno Caldas criou a TV Guaíba, o dinheiro ficava em casa.
A derrocada dos grandes jornais começou por aí. Por isso, donos de impérios gráficos criaram suas emissoras e depois redes de TV. Roberto Marinho foi um visionário, sentiu o futuro. Nem por isso desdenhou o jornal O Globo. Dizia que a entrada dos negócios das Organizações Globo se dava pelo impresso e não pela televisão. Pelo mesmo motivo cuidava muito bem dele. Não esqueçamos que Roberto Marinho criou a Globo quando estava perto dos 60 anos.
No Sul, Maurício Sobrinho e o irmão Jayme tiveram a mesma preocupação, só que começaram com rádio, TV. E não descansaram enquanto não compraram o jornal Zero Hora, do jornalista Ary de Carvalho. Negócio feito em dezembro de 1969, mas assumiram mesmo em março de 1970.
Eu estava lá.