Causo alegretense

17 out • A Vida como ela foiNenhum comentário em Causo alegretense

Depois do causo da traíra que tinha um dente de ouro, contado por um capataz de estância do Alegrete, vem a conversa de uma empregada da mesma estância. Veterana que já trabalhou com muito doutor da cidade, e doutor viajado com muito dinheiro.

Isso foi nos anos em que não existiam as aplicações financeiras como hoje. Havia apenas a poupança e letras de câmbio. Pois a dona N. ficava sentada em um canto ouvindo e absorvendo todas as conversas dos patrões.

Certa vez, ela ouviu uma conversa sobre o alto custo dos hospitais. Quieta e atenta como coruja de corredor, desferiu uma sugestão.

– Por que não venderam as letras de cãibra?

De outra feita, foi a vez dela se queixar de um problema familiar envolvendo menores.

– Quando o conselho consolar chegou, achou a situação muito feia e chamou a polícia. Terminou que minhas irmãs foram mandadas de canguru para a delegacia e para a odiência. Tudo aconteceu porque a menina não tirava os olhos da nova TV de plasta que o pai comprou.

O tempo encarregou-se de embotar os ensinamentos vindos dos professores e da convivência com pessoas cultas. A alma atrofiou-se, impedida, pelos costumes da época e pelo senso de obrigação, de florescer e alçar voos maiores.

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Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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