Do cais do Porto ao quarto da madame
Boa parte dos garçons de bares e restaurantes na década de 1960 vendiam alguns produtos por fora, com ou sem concordância dos patrões. Desodorantes e perfumes, estojos de maquiagem, echarpes, isqueiros Monopol e Zippo, uísque escocês, tudo produto estrangeiro contrabandeado – por isso, com preço mais em conta – de qualidade superior e autêntico. Yes, a falsificação era mínima.
A muamba era vendida por marinheiros dos navios que chegavam ao Porto da Capital gaúcha. E não era para qualquer um, só para os “cadastrados”. Algumas vezes, os marinheiros vendiam em bares por eles frequentados, como o Bar Naval do Mercado Público e em boates como o Bambu, na subida da Caldas Jr.
Garçons de cabarés, então, era a totalidade. O mercado era bom demais, a mulherada e os clientes da casa. A casa mais famosa – a mais cara – era a Mônica, no Cristal. Mas eram muitas, como Ma Griffe, Dorinha, Miriam, Ligia, Casa dos Barbantes, entre outras. Os Gruta Azul da vida vieram depois. Os perfumes serviam para presentear as moças e casos de longa duração, amantes, ou para as perpétuas, as esposas.
Neste último caso, se dizia que era o presente do remorso.
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