Carnaval americano em Porto Alegre
Em vez de tentar imitar, de forma ligeiramente tosca, as escolas de samba do carnaval carioca, as tribos de índios alegravam os porto-alegrenses até meados dos anos 1980. Faziam um humor involuntário até pelo nome do enredo. Comanches, Navajos – embora americanas – Tapuias. oitacazes, entre tantas outras, eram o nosso diferencial nos desfiles de rua.
Posso dizer que eu – e muita gente – tinha admiração pelos abnegados dirigentes e figurantes que faziam das tripas coração para desfilar, na época, na Borges de Medeiros. Depois, na avenida João Pessoa. Era um carnaval dos pobres.
Seus “sambas-enredo” eram entremeados de “úúúú” e outras expressões teoricamente silvícolas. Em 1973, os Comanches tiraram o primeiro lugar nesta modalidade com enredo Ascensão e Queda do Império Inca e com alguns versos em língua tupi-guarani. Mistura fina melhor que essa impossível.
Os figurinos estavam ao alcance de qualquer pobre. Sungas com penas de espanador na cintura e cocares do que sobrou do espanador. Na falta desse, pena de galinha servia.
Quando o cacique recebeu o troféu das mãos do prefeito Guilherme Socias Villela, disse: “Agradeço homem branco prêmio nossa valorosa tribo”. Nota 10.