Bisbilhotices jornalísticas
Entre as várias histórias da antiga Caldas Júnior no livro “Homens e coisas de jornal”, de Alcides Gonzaga, antigo gerente do Correio do Povo, está uma boazinha. Quem me alcançou foi o jornalista Antônio Goulart.
Quando a empresa foi cobrar a assinatura do Correio do Povo de um comerciante da Rua da Praia, ele declarou que não queria continuar lendo o jornal, pois estava muito desgostoso com ele.
– Mas qual é a causa, meu senhor? – perguntou o cobrador.
– São coisas íntimas. Não devo dizer.
Ante a insistência do rapaz, o homem resolveu desembuchar
– É que minha esposa teve um filho, e o Correio não noticiou o feliz acontecimento.
– Porventura o senhor participou o fato à redação? – retrucou o cobrador.
– Ora, meu amigo, teria muita graça isso. Para que servem, então os repórteres, esses abelhudos, que metem o nariz em toda parte?
Agora, eu venho com a minha. Por volta de 2000, o grupo português Sonae entrou no Brasil comprando uma pequena rede paulista de supermercados, a Skandia, para, posteriormente, expandir e acabar tirando o time de campo. O presidente do Sonae deu uma entrevista coletiva falando dos objetivos do grupo. Eu estava lá.
O presidente falou sobre suas empresas e explicou que a entrada no ramo de supermercados no Brasil se deu pelo Skandia, que só tinha meia dúzia de lojas, mas era todo informatizado. Uma repórter da revista Exame o interrompeu.
– Quanto o Sonae pagou pelo Skandia?
O executivo ficou indignado.
– Mas o que é que vocês têm com isso? É claro que não vou revelar o valor! Isso não tem o mínimo interesse!