Assassinos entre nós

19 jan • NotasNenhum comentário em Assassinos entre nós

Em um grupo heterogêneo de 10 pessoas de etnias variadas, possivelmente uma delas tenha o que a gente chama de parafuso frouxo, em maior ou menor gravidade. É bem possível que um ou mais tenham episódios de violência durante a sua vida, violência mantida sob controle numa magra faixa de verniz.

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Mesma coisa numa família. De perto ninguém é normal, para usar a frase de Caetano Veloso. Se este grupo tiver 100 pessoas, é provável que um ou mais tenha problemas mais sérios, episódicos ou como norma. Pura lei das probabilidades.

Aumento essa turma para mil e é certo que esse potencial de violência não será mais de um solitário, a companhia já forma um grupinho. Um ou mais terão tido problemas com a lei de uma forma ou outra.

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Se a ampliação for para 10 mil, é um grupo que já não cabe numa salinha. Com 100 mil, certamente teremos assassinos, pessoas que sentem prazer em torturar, malucos pacíficos ou não de todos os tipos.

Alguns que até gostariam de empunhar um AK-47 e sair metralhando árabes, ou judeus ou negros. E até os que simplesmente concordem com ele em assuntos dos mais variados, principalmente religião e política.

Agora imaginem um grupo de oito bilhões de pessoas.

Porque me ufano do meu país

Nos anos 2000, um executivo alemão passou dois anos visitando todo o Brasil. Foi a várias capitais, estudou nossa infraestrutura, o sistema político com afinco.

Em conversa comigo, ele disse que nos invejava. Achei que fosse ironia,      – Não, nada disso. E completou:     

– No Brasil, falta fazer tudo.

Durma-se com um barulho desses

Um enxame de abelhas ocupou parte da asa de um avião da Latam que estava se preparando para iniciar o processo de embarque de passageiros no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, na manhã de terça-feira (17). O voo foi cancelado e a aeronave levada para manutenção.

Essa é apenas uma de tantas situações em que animais, que vão perdendo seu habitat invadido por homens e máquinas adoradoras de cimento, não têm outra saída se não entrar na marra nas engenhocas e espaços humanos. O mel já está faltando porque os defensivos agrícolas estão envenenando as flores de onde o produzem. 

Mas viajar de avião em busca de novos espaços é novidade. Talvez elas, como massa pensante no seu conjunto e obedecendo os algoritmos da natureza, estejam seguindo o instinto de sobrevivência. Como diziam os imperadores romanos, se não podes vencer um inimigo alia-te a ele.

Assim caminha a humanidade

Nos anos 1970, um bageense foi instado a dizer quais as três piores coisas do mundo. Conhecido por ter língua sem reduzida, disse que eram conversa de castelhano, pum de cachorro e cocô de galinha entre os dedos dos pés.

Quem já caminhou descalço em galinheiro sabe bem do que ele suava falando. Pum de cão, bem, até os urbanos sabem dessa arma química. Quanto aos castelhanos, Bagé limita com o Uruguai.

Lembrei dessa história quando pisei em cocô humano depositado gentilmente em uma calçada de prédio na qual sem-teto se abrigavam. Com a inexistência de banheiro públicos, dá para entender.

Faça o teste, caminhe olhando para o chão em ruas movimentadas. Manchas amarelo ou marrom se sucedem, sinal que os zeladores dos prédios dirigiram ao remanescentes dejetos.

Se o atento leitor olhar as calçadas defronte a bares e danceterias, com grande presença de jovens, verá inúmeras pequenas  manchas pretas, que se derivam de chicletes marcados e cuspidos.

Não há como ter calçadas limpas na cidade. Sem falar que boa parte é um convite à torção de tornozelos ou ligamentos rompidos.

Existem pessoas que sempre enxergam o lado positivo dos contratempos, a turma do copo meio cheio. Eu acrescentaria mais um detalhe: ainda bem que  inventaram os sapatos.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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