As lições da quentinha

18 maio • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em As lições da quentinha

Esta época em que até ricos recorrem às quentinhas, convém antes de mais nada clarear que quentinha de rico é a marmita do peão e o PF de quem precisa comer em um  dos 120 mil lanchonetes e bares da esquina da cidade. Estabelecida essa nomenclatura, é preciso dizer que essa modalidade de abastecimento estomacal ganhou espaço porque os bufês de comida a quilo estão fechados.

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VERGONHA DE RICO

Naturalmente que famílias mais abonadas se recusam sequer a formar com os lábios as letras P e F. Jamé! Quentinha já e suficientemente vexatório. Melhor dizer que é comida balanceada. Ai sim não é preciso ficar com vergonha. Aliás, em 1974,  o IBGE fez uma pesquisa sobre comida nas vilas das cidades mais pobres e concluiu que em Viamão (RS) o povão se alimentava muito bem, obrigado.

ALEGRIA  DE POBRE

O IBGE chegou a essa conclusão após ouvir nutricionistas ren omadas, que assim justificaram o motivo. PF, ou completo, como era chamado na época, contemplava carboidratos (massa e arroz), proteína (carne), ferro (feijão) e verdes, vermelhos e amarelos, (tomate, alface, cenoura). A vitamina C vinha da laranja ou bergamota e banana – a sobremesa. Quer dizer, não à toa que era chamado “completo”.

ARRASA-CORAÇĀO

De lá para cá veio a infâmia.  Hambúrgueres encharcados com colesterol, porcarias em embalagens de alumínio, chips e outras formas de isopor com sabores químicos, biscoitos recheados com gordura trans e refrigerantes entupidos com açúcar. Conclusão: comida de vila era mais nutritiva e saudável que almoço de ministro do Supremo hoje.

ESPORTE NACIONAL

Deixou de ser o futebol. Hoje é o impeachment. Vereadores cassam prefeitos e, a toda hora, pedem a cabeça do presidente. Ainda chegaremos ao tempo em que vão pedir impeachment do padre, do pastor, do delegado, do juiz, promotor e até do patrão.

A ESPIRAL

No fundo, pandemias são também uma grande espiral de ganhar muito dinheiro. Começa no centro e, na medida que se alarga,  com o esforço da mídia, vai gerando cada vez mais dinheiro.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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