A sabedoria do não
Conheço dois casos de pais de família que têm filhos adultos da geração nem nem, nem trabalham nem estudam. Mas comem, bebem e dormem no ninho materno.
Ocorre que ambos os pais estão matando cachorro a grito, e os rebentos (uma rebenta) não querem nem saber,. Não só exigem comida melhor como querem mesada.
Com o que tenho mais intimidade, falei que, no fundo, não deram aos filhos (quando pequenos e adolescentes) noção da dura realidade logo mais adiante, e que a parca renda deles não duraria para sempre. Ele concordou. Mas colocou um porém, que deve valer para muitos casais. O pai exige, a mãe defende os coitadinhos e até dá dinheiro escondido para eles, dinheiro do pai neste caso específico.
Desde sempre existe a cultura de não dizer não. Negativa que era comum em décadas passadas até mesmo em famílias da classe média alta.
Na maioria das vezes, filhos mimados se estrepam na vida e temem o mundo que lhes é hostil. Não entendem como dinheiro não cai do céu.
A última vez que alguma coisa caiu do céu foi o alimento bíblico chamado Maná. Uma segunda vez caiu em forma de anedota.
O pão que não caiu do céu
Contam que, no sermão dominical, o padre errou o caso da multiplicação dos pães, afirmando que “com cinco mil pães Jesus alimentou cinco pessoas”. Depois da missa, o sacristão chamou a atenção dele para o erro colossal.
Contrito, o sacerdote prometeu botar os pingos nos iis no domingo seguinte. Na hora do sermão, ele começou da seguinte forma:
– Como eu ia dizendo domingo passado, com cinco pães Jesus alimentou cinco mil pessoas… Foi interrompido pelo bêbado da cidade, sentado no fundo da igreja.
– Também, o que sobrou de pão na semana passada…
Dificuldade no mercado
A propósito das notas de sexta-feira sobre os jornalistas que recém saíram das faculdades e demandam o mercado de trabalho na forma de veículos ou assessorias, um veterano colega manda esse desabafo.
Há dois meses alguns amigos (dois deputados e um secretário estadual) insistem que eu indique jornalistas para suas assessorias. Salários entre 6 e 10 mil reais. Não é mixaria, por suposto.
Além de ser um risco indicar, há outros desafios:
– A gurizada só quer saber de redes sociais, tem sérias dificuldades para redigir um release que seja, além de ter informação quase zero sobre o mundo real.
– Os mais jovens, na maioria, detestam política e, se toparem o desafio, querem trabalhar com o pessoal de esquerda.
– Acham que os mais experientes, todos, estão superados e gagás.
– Os mais velhos têm dificuldades com tecnologia, principalmente com as redes sociais. Além disso – é preciso admitir! – os “dinossauros” não têm paciência para lidar com a gurizada, generalizando ao dizer que todos são burros, alienados e não querem aprender. Um ranço que enterra muitas carreiras.