A sabedoria do não

13 nov • NotasNenhum comentário em A sabedoria do não

Conheço dois casos de pais de família que têm filhos adultos da geração nem nem, nem trabalham nem estudam. Mas comem, bebem e dormem no ninho materno.

Ocorre que ambos os pais estão matando cachorro a grito, e os rebentos (uma rebenta) não querem nem saber,. Não só exigem comida melhor como querem mesada.

Com o que tenho mais intimidade, falei que, no fundo, não deram aos filhos (quando pequenos e adolescentes) noção da dura realidade logo mais adiante, e que a parca renda deles não duraria para sempre. Ele concordou. Mas colocou um porém, que deve valer para muitos casais. O pai exige, a mãe defende os coitadinhos e até dá dinheiro escondido para eles, dinheiro do pai neste caso específico.

Desde sempre existe a cultura de não dizer não. Negativa  que era comum em décadas passadas até mesmo em famílias da classe média alta.

Na maioria das vezes, filhos mimados se estrepam na vida e temem o mundo que lhes é hostil. Não entendem como dinheiro não cai do céu.

A última vez que alguma coisa caiu do céu foi o alimento bíblico chamado Maná. Uma segunda vez caiu em forma de anedota.

O pão que não caiu do céu

Contam que, no sermão dominical, o padre errou o caso da multiplicação dos pães, afirmando que “com cinco mil pães Jesus alimentou cinco pessoas”. Depois da missa, o sacristão chamou a atenção dele para o erro colossal.

Contrito, o sacerdote prometeu botar os pingos nos iis no domingo seguinte. Na hora do sermão, ele começou da seguinte forma:     

– Como eu ia dizendo domingo passado, com cinco pães Jesus alimentou cinco mil pessoas…  Foi interrompido pelo bêbado da cidade, sentado no fundo da igreja.   

– Também, o que sobrou de pão na semana passada…

Dificuldade no mercado

A propósito das notas de sexta-feira sobre os jornalistas que recém saíram das faculdades e demandam o mercado de trabalho na forma de veículos ou assessorias, um veterano colega manda esse desabafo. 

https://www.veloe.com.br/banrisul?utm_source=fernando_albrecht&utm_medium=p_blog&utm_campaign=tag_banrisul&utm_content=escala_600x90px

dois meses alguns amigos (dois deputados e um secretário estadual) insistem que eu indique jornalistas para suas assessorias. Salários entre 6 e 10 mil reais. Não é mixaria, por suposto.

Além de ser um risco indicar, há outros desafios:

   – A gurizada só quer saber de redes sociais, tem sérias dificuldades para redigir um release que seja, além de ter informação quase zero sobre o mundo real.

https://cnabrasil.org.br/senar

 – Os mais jovens, na maioria, detestam política e, se toparem o desafio, querem trabalhar com o pessoal de esquerda.

  – Acham que os mais experientes, todos, estão superados e gagás.

    – Os mais velhos têm dificuldades com tecnologia, principalmente com as redes sociais. Além disso – é preciso admitir! – os “dinossauros” não têm paciência para lidar com a gurizada, generalizando ao dizer que todos são burros, alienados e não querem aprender. Um ranço que enterra muitas carreiras.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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