A morena do outro mundo

23 jun • A Vida como ela foiNenhum comentário em A morena do outro mundo

Varig

Viajar de avião até os anos 1980 era um luxo. As  mulheres usavam chapéus e os homens caprichavam na gravata. O serviço de bordo nos anos 1950 e 1960 em nada ficavam a dever a restaurantes finos. A ilustração fala por si só, a variedade era de encher os olhos. Algo que sempre deslumbrava era a beleza das aeromoças – só os homens eram chamados comissários.

O primeiro Boeing 707 da Varig chegou em Porto Alegre em 1959. Foi o primeiro jato quadrimotor realmente confiável. Voava a mais de 930 Km/hora. A empresa promoveu uma visitação pública, e naturalmente eu estava entre os primeiros da enorme fila. Entrava-se por uma porta e saía-se por outra.

Com 16 anos e apaixonado por aviação, demorei um tantinho a mais na entrada para  ver o cockpit. Na base do vai em frente que atrás vem gente, achei que tinha visto o principal. Não tinha. Sentada em uma poltrona de corredor na metade do 707, uma aeromoça lindíssima folheava displicentemente uma revista. Rapaz, cheguei a fraquejar os joelhos.

Nunca tinha visto beleza igual. Que Brigitte Bardot, que Sofia Loren, que nada. Aquela era uma deusa, morena, pele jambo, de baiana. E deu uma olhadinha dessas sem querer. Empaquei como mula e só saí do lugar porque o cretino atrás de mim me empurrou, o fiadamãe.

Fiquei semanas com a imagem dela na cabeça. Se ela sorrisse para mim, mesmo que por um átimo de segundo, eu seria o homem mais feliz do mundo. Mas quem disse que o mundo era justo?

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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