A hora dos vices

5 set • Notas2 comentários em A hora dos vices

Estava eu placidamente ruminando minhas ideias, embora quem rumine sejam os ruminantes, quando me dei por conta que nenhum dois ponteiros nas pesquisas estão a salvo de ações do Judiciário, que podem colocar o vice de quem vencer na presidência. Jair Bolsonaro tem 140 pedidos de impeachment trancados no Congresso. E Lula, embora diga de forma sacana que foi absolvido das acusações da Lava Jato, depende da sorte de o assunto morrer na casca ou que seja adiado para o Dia de São Nunca.

Patinando de pneu careca

O próprio ministro Luiz Fux, do STF, disse que as ações contra Lula estão penduradas e que ele não foi absolvido, que foi erro de processo. E Bolsonaro, se eleito for, continuará tendo o Supremo e quase toda a mídia escrita, falada e televisionada do Brasil  na sua cola e pronta para derrubá-lo.

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Isso sem falar na questão da saúde de ambos. Não estou agoniado, mas, de vez em quando, a polia escapa e Lula imita os melhores momentos non sense dos discursos de Dilma Rousseff. Bolsonaro também tem problemas derivados da faca.

Prato cheio

Então são dois problemas a enfrentar. Um perante a lei e outro perante a medicina. Aí que fica interessante para os vices de cada um, caso o imponderável tome as rédeas da história.

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Geraldo Alckmin não consegue esconder que magoou ele não ter sido ungido candidato a presidente na convenção do PSDB. Ficou tão magoadinho que mudou de sigla, uniu-se a Lula, que precisava dele para fazer agradinho aos empresários. Juntou a fome com a vontade de comer.

Alguém viu minha cabeça?

Alckmin, então, fez das suas que deixaram os empresários com a pulga atrás, na frente, em cima e embaixo da orelha. Botar o boné do MST foi uma gabolice. Geraldo nunca viu uma enxada na vida. O máximo que tocou de instrumento de corte foi bisturi, posto que é médico. E não exerce.

Portanto, não o deixe gesticular na sua frente ou com enxada ou com bisturi. Você pode virar o Cavaleiro Sem Cabeça.

Do ponto de vista administrativo, o ex-governador de São Paulo fez um bom governo, embora eu não consiga unanimidade quando falo com executivos, jornalistas e empresários da pauliceia desvairada. Tem que levar em conta que só a população da Capital é praticamente igual à de todo o Rio Grande do Sul. A pergunta é outra. Se ele assumir mais adiante, como será a relação dele com o PT?

Não esqueçamos que vice de presidente ou governador do PT é rabo de sardinha, especialmente se Lula é a cabeça da baleia. Depois, se ele assumir, é outro papo. Ou aceita ser um neopetista ou chuta o balde.

Direita volver

Já o general Braga Netto foi interventor militar no Rio de Janeiro, quando a criminalidade tomou conta da antiga Cidade Maravilhosa. Hoje é maravilhoso para os PCC da vida. Vamos que o capitão não assuma ou não termine o mandato, o general terá que usar sua experiência como ex-ocupante de dois ministérios de Bolsonaro. Uma coisa é certa: ele terá total apoio dos militares.

A mosquinha curiosa 

Eu gostaria de ser uma mosquinha para entrar na sala da diretoria dos jornalões, que hoje são mais lulistas que capitalistas, e ouvir o que eles farão em caso de vitória de Lula. Ou do Bolsonaro. Já pensaram no brete?

Recorte e guarde

Parece que estou lendo os editoriais “Nesta hora grave, cabe ao presidente eleito pacificar o país e ser o presidente de todos os brasileiros e não apenas dos militantes do partido que o elegeu”. Podem cobrar.

A mosquinha gostaria de saber como os jornalões se comportaram diante da primeira invasão de terra ou tentativa de controlar  os meios de comunicação, leia-se censura disfarçada. E aí, vão esperar um ano de gestão para cobrar ou vão continuar amiguinhos para receber verbas publicitárias federais corrigidas pela inflação mais juros e correção monetária? Essa vou esperar sentado numa espaçosa e confortável cadeira.

Quanto aos empresários, vão remar a favor da corrente para ir mais rápido em relação à margem. Não tem erro. Está para nascer capitalista que não goste do dinheiro de um governo socialista, dinheiro que eles deram sob forma de escorchantes impostos.

Da mesma forma, o socialismo lulopetista não vai matar o capitalismo. De onde mais eles tirariam dinheiro?

Lula vai fechar um olho para algumas invasões de terras e, no mais, fingirá que está tudo bem na terra do João ninguém. Por oportuno, eis parte da letra música de Noel Rosa sobre essa figura, a maior parte da população brasileira.

João Ninguém/ Que não é velho nem moço/Come bastante no almoço/Pra se esquecer do jantar.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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2 Responses to A hora dos vices

  1. Adrielly Araújo disse:

    Não perco seus textos e estou muito curiosa: nessas eleições para presidente em quem o senhor vota?
    Respeitosmente,

  2. MARIA+LUCIA disse:

    ‘Luiz Fux, do STF, disse que as ações contra Lula estão penduradas e que ele não foi absolvido’.
    ONDE E QUANDO ELE DISSE ISTO?
    aBRAÇO

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