A hora da verdade

28 set • NotasNenhum comentário em A hora da verdade

Finalmente, chegou a vez de Porto Alegre. Até o momento em que escrevo as águas do Guaíba entravam na avenida Mauá na altura do pórtico central, mesmo com o muro e as casas de bomba (6).

Em princípio, a enorme massa de água, que faz grande pressão no muro, ainda não rompeu nenhum. Mas o vento sul, represa as águas do Guaíba e da Lagoa dos Patos, que também está cheia. A água entra pelas frestas e, em tese, isso é até previsto, porque dá para improvisar contenções, como colocar sacos de areia.

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Os sacos são de plástico não poroso, ao que eu saiba. Se fosse poroso ou sacos de aniagem, a areia ficaria encharcada deixando o saco mais pesado para resistir melhor à pressão. O que dificulta tudo é o vento Sul, que represa o rio e contribui para aumentar a pressão no muro.

É como o Princípio de Bernoulli, menos velocidade mais pressão e vice-versa. Então tem que vir um vento vindo de quadrante neutro ou Norte. Problema: vento Norte antecede as chuvas, e delas estamos fartos.

Como em 1967

Em 1967, as águas lamberam o prédio do Banrisul, na avenida Siqueira Campos, uma acima da avenida Mauá, onde a água entra hoje. A régua que mede o nível do Guaíba marcou 3m13cm, acima da cota de inundação que é de 3 metros. Ontem ao meio-dia, marcou 3m17cm.  

https://cnabrasil.org.br/senar

Qual o mistério? É que, naquele ano, a cidade era mais “baixa”, sem o muro (que é do início dos anos 1970) e os diques da avenida Castelo Branco, além dos trilhos elevados do Trensurb. 

Uma cruz por dia

Você mora em bairro ou cidade vizinha em que precisa pegar dois ônibus ou trem por dia, às vezes três. Ganha o salário mínimo ou pouco mais.

Aí vem esse tempo, não consegue sair de casa ou perdeu tudo dentro de casa. E, se sair de madrugada, os ônibus estão superlotados, todos eles. 
Na volta, o mesmo drama. Ponha a mão na consciência e se pergunte se isso é vida. Mas como essa gente poderia melhorar sua vida?

A falta que ela faz

Um dos grandes problemas no que chamamos povo é a recusa de se capacitar para sair da miséria. Entidades empresariais, privadas e institutos beneficentes cansam de oferecer cursos de capacitação sem que consigam vencer essa resistência.

Não é comigo

Durante a Copa do Mundo no Brasil, essa falha popular ficou mais evidente. Só no Rio Grande do Sul foram criadas 37 mil vagas para toda ordem de profissões, muitas permanentes.

Um pingo de pessoas se apresentou para, em resumo, melhorar o salário e a vida. A Estação Rodoviária de Porto Alegre criou cursos de inglês para taxistas. Apenas três se apresentaram.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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