A dor é passageira, o bolso não
O Brasil eliminado da Copa do Mundo é dor passageira, menos para os diretamente envolvidos na Seleção. As lágrimas têm menos a ver com patriotismo e mais com o dinheiro que deixaram de ganhar. Atinge até o cara que arruma as chuteiras do time.
Os estágios da frustração
Para a torcida, o fato de sair antes do previsto tem três estágios. No primeiro, é frustração; no segundo, raiva; no terceiro, ela quer o fígado dos responsáveis. O farol que as guia é a mídia, que já listou os que acha culpados. No terceiro, a volta ao normal, momento em que o povo começa a olhar o contracheque e vê que o normal é anormal. E o boleto continua chegando…
A alegria vai e não volta
No caso dos latinos, a seleção que vence fica eufórica, e torna a vista turva por algum tempo. Depois de poucas semanas, também começa a olhar o contracheque com mais atenção. E o boleto continua chegando…
O salário que desaparece
Há muitos anos, um humilde auxiliar de cinegrafista passava pelo corredor da empresa. No sentido contrário, o dono e dois diretores. Perguntou a eles o nome do funcionário. Quando se cruzaram, ele apontou o dedo para ele.
– Sem gente como tu, essa empresa não seria a mesma.
Emocionado, o auxiliar agradeceu ao patrão. Por algumas semanas, ele também não olhou o contracheque.
O de sempre
Este cartum reflete o pensamento do povo, que costuma generalizar o que não deve ser generalizado. Como é sabido, a diferença entre charge e cartoon ou cartum é que a charge retrata um fato temporal e o segundo é atemporal. O autor deste trabalho conseguiu a proeza de retratar um momento que se perpetua no Brasil, embora com a ressalva que fiz na abertura.
Eventos como a Copa do Mundo, que monopolizam as atenções, sempre foram usados como biombos para esconder mutretas e até casos normais sem dolo que renderiam contrariedades e desgastes.
Um exemplo foi Lula anunciar os primeiros nomes do ministério pouco antes do jogo da Seleção. E em uma sexta-feira, porque sábado e domingo a mídia entra em semi-hibernação. E porque a sociedade também dá uma pausa no consumo de informações.
Festas de arromba
Definição para festa de fim de ano nas empresas: rito pagão caracterizado por presentes indesejados, cantadas embaraçosas e puxa-saquismo explícito.
Pode chocar, eu sei. Muita gente dirá que não é bem assim. Mas é bem assim. Dispa-se o manto espesso da credulidade e pieguismo natalino, e o que resta é isso.
« Tão alegres que viemos e tão tristes que voltamos O cafezinho da mineira »