A dor é passageira, o bolso não

12 dez • NotasNenhum comentário em A dor é passageira, o bolso não

O Brasil eliminado da Copa do Mundo é dor passageira, menos para os diretamente envolvidos na Seleção. As lágrimas têm menos a ver com patriotismo e mais com o dinheiro que deixaram de ganhar. Atinge até o cara que arruma as chuteiras do time.

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Os estágios da frustração

Para a torcida, o fato de sair antes do previsto tem três estágios. No primeiro, é frustração; no segundo, raiva; no terceiro, ela quer o fígado dos responsáveis. O farol que as guia é a mídia, que já listou os que acha culpados. No terceiro, a volta ao normal, momento em que o povo começa a olhar o contracheque e vê que o normal é anormal. E o boleto continua chegando…

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A alegria vai e não volta

No caso dos latinos, a seleção que vence fica eufórica, e torna a vista turva por algum tempo. Depois de poucas semanas, também começa a olhar o contracheque com mais atenção. E o boleto continua chegando…

O salário que desaparece

Há muitos anos, um humilde auxiliar de cinegrafista passava pelo corredor da empresa. No sentido contrário, o dono e dois diretores. Perguntou a eles o nome do funcionário.  Quando se cruzaram, ele apontou o dedo para ele.

– Sem gente como tu, essa empresa não seria a mesma. 

Emocionado, o auxiliar agradeceu ao patrão. Por algumas semanas, ele também não olhou o contracheque.

O de sempre 

Este cartum reflete o pensamento do povo, que costuma generalizar o que não deve ser generalizado. Como é sabido, a diferença entre charge e cartoon ou cartum é que a charge retrata um fato temporal e o segundo é atemporal. O autor deste trabalho conseguiu a proeza de retratar um momento que se perpetua no Brasil, embora com a ressalva que fiz na abertura.

Eventos como a Copa do Mundo, que monopolizam as atenções, sempre foram usados como biombos para esconder mutretas e até casos normais sem dolo que renderiam contrariedades e desgastes.

Um exemplo foi Lula anunciar os primeiros nomes do ministério pouco antes do jogo da Seleção. E em uma sexta-feira, porque sábado e domingo a mídia entra em semi-hibernação. E porque a sociedade também dá uma pausa no consumo de informações.  

Festas de arromba

Definição para festa de fim de ano nas empresas: rito pagão caracterizado por presentes indesejados, cantadas embaraçosas e puxa-saquismo explícito.

Pode chocar, eu sei. Muita gente dirá que não é bem assim. Mas é bem assim. Dispa-se o manto espesso da credulidade e pieguismo natalino, e o que resta é isso.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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