A conspiração do cardápio
Contam que os donos de restaurantes fizeram uma assembleia geral extraordinária para discutir como reduzir custos das refeições sem alarmar os gansos. Para tanto, trouxeram o consultor Kort Semdó para que desse umas dicas. Kort pegou o microfone.
– Olhem, não tem mistério. Primeiro vocês diminuem o tamanho das porções em geral, mas atenção: diminuam o tamanho dos pratos. Em segundo lugar, baixem a frequência de carne bovina, a qualidade da carne e entupam esse povo com frango e peixe barato, vindo não se sabe de onde.
Sinais de concordância na plateia.
– Em seguida, aumentem o preço da refeição. Se alguém reclamar, diga que é a inflação.
– Mas o cliente não vai reclamar? – perguntou um no fundo da sala.
– Até vai, mas aí é que está a beleza do meu conselho. Todos vocês devem fazer o mesmo processo, menos comida por mais dinheiro.
Esperou alguns segundos.
– Consumidor brasileiro é bonzinho. Ele adora ser enganado. E se algum mais atrevido exagerar na reclamação, diga para ele comer no vizinho.
Palmas gerais, salvo alguns que acharam que isso seria enganar o freguês.. E assim foi feito. Pagaram Kort Semdó com criptomoedas.
Conspiração eleitoral
Os dirigentes político-partidários fizeram uma reunião para acertar as regras com a doutora Raposa Velha. Isso teria acontecido em algum ponto do passado, na década de 1990 ou pouco antes. Perguntaram para a velha e lustrosa senhora como todos poderiam ganhar, mesmo perdendo ou abrindo mão de candidaturas.
– Lancem candidatos a presidente e governador dizendo que não abrem mão da cabeça de chapa e jurando que vão ter candidatura própria duela a quién duela, que tem compromisso com o povo…
– O que é povo? – perguntou um deles.
– Povo é um ser etéreo que só se menciona em ano eleitoral.
– E se perdermos?
– Barganhem cargos, salários e pontos com os ponteiros debaixo dos panos.
Lá de baixo um com voz bem fininha fez a pergunta
– E nós, os miudinhos, que a imprensa chama de nanicos?
– Tentem fazer a mesma coisa. Mas como são nanicos, é menos gente para repartir o fundo partidário.
– E se, por milagre, um de nós vencer a eleição?
-Preparem-se para engrossar seus quadros. Todos amam um vencedor. Preparem-se para mudar de partido, um dos grandes
– Tá, e se as bases reclamaram?
– Base não reclama, aceita ou cai de banda – falou a Raposa.
– E como governo? afligiu-se o perguntador.
– Não governe. Alguém fará isso por você..
Conspiração do imposto
Especialista em aumentar impostos, o doutor Toke Taxes Areveria foi consultado pelo governo como aumentar gastos sem cortar despesas.
– Aumentem os impostos.
– Já aumentamos – falou um governista.
– Aumentem até o contribuinte ficar roxo.
– Já arroxamos – falou o técnico de novo.
– Então diminuam o prazo de pagamento.
– Já foi feito.
– Então não tem remédio. Criem um novo.
Até vocês, brutos
A falta de qualificação é tamanha que atinge até o Crime S.A. Vigilantes e chefes de uma empresa de transporte de valores de Porto Alegre colaboraram com assaltantes de uma forma tão ostensiva que foram pegos. E a maior parte do dinheiro foi recuperada. Um deles fugiu para uma das ilhas do Delta do Jacuí, mas o GPS da tornozeleira eletrônica emitiu sinal da sua posição. Ora onde já se viu desconhecer esse fato…
Já nem se fazem mais batedores de carteira, porque exige destreza. A toda hora, lalaus são pegos por não cumprirem com as regras básicas do seu negócio, como deixar o localizador do celular, muito menos em desligar tudo e deixá-lo em outro lugar. Ora, isso é falta de qualificação, coisa em que somos especialistas. Assim não dá.
Os profetas
Chuvas vão parar em maio, eles disseram em abril. Desse jeito vão errar até a chuva de ontem. Eu me sinto um palhaço das perdidas ilusões quando saio com guarda chuva e não chove.
A falta que ele faz
Na terça-feira passada, foi o Dia do Detento. Não existe um dia da dívida.
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