Brastemp nunca mais
Às voltas com a baixa capacidade de corte do meu barbeador made in China – não tem outra opção – levei o bicho para um senhor que conserta estes aparelhos, seu Sérgio, que tem 45 anos de experiência na cacunda. Papo vai, papo vem, disse a ele que estava desanimado com a falta de capricho dos produtos de largo consumo, sejam eles nacionais ou estrangeiros. O capricho, a satisfação do fazer bem-feito praticamente sumiram. Já saem com defeito da linha de produção. Obsolescência programada já na adolescência.
E quando sai alguma coisa mais perene, foi por engano. Caso da Apple e seu iPad. Os antigos simplesmente não estragam, e isso impede a venda de novos. Esse poderia ser o resumo do século da baixa qualidade, que se estendeu para todas as áreas, inclusive no jornalismo. O popular “nas coxas” venceu. Seu Sérgio me olhou fixamente, como se não acreditasse no que estava ouvindo.
– Seu…como é seu nome?…certo, Fernando. Seu Fernando, o senhor já se deu conta que o mundo tem sete bilhões de habitantes e que tem que dar emprego pra toda essa gente? Então se fizéssemos produtos comuns que durassem 10, 15 anos, haveria desemprego em massa. É isso que o senhor quer?
Quem o olhou fixamente fui eu. Ele estava certo. Lembram que Brastemp era sinônimo de coisa bem-feita, de qualidade? Pois ela se rendeu. Hoje, uma geladeira dessa marca não dura mais e até menos que a dos concorrentes.
A Brastemp nunca será mais uma Brastemp.