A folha
A expressão operários da comunicação, como nós jornalistas costumamos nos definir com doses generosas de ironia, pelo menos, na parte que me toca, é uma dura realidade. Costumo dizer para a gurizada que quer ouvir que, no fundo, nós escrevemos sempre sobre as mesas coisas. Muda a rua, o personagem, o desfecho, mas é sempre mais do mesmo. Como operários comuns, fabricamos sempre as mesmas peças.
Quando era menino – acreditem, eu fui um – fiquei fascinado com uma cena que vi da beira de um arroio, uma folha de árvore presa em um redemoinho causado pela correnteza. Quando saí de lá a situação seguia a mesma.
Eu não sabia na época, mas ao olhar a folha presa eu estava me olhando no espelho.