Meu palavrão republicano
O ministro do STF, Gilmar Mendes, não se deu conta que o microfone estava aberto e soltou um palavrão, descrito por uma colunista como nada republicano. Acontece. Não será o último a pagar esse mico. O erro do doutor Gilmar foi dar explicação, que estava cansado, que era idoso confuso com a tecnologia, algo assim. Nunca cometa esse erro. Foi dito, foi dito. Qualquer explicação piora as coisas.
FALE AO ÉTER
Explicação só se dá para delegado de Polícia e porteiro de boate. Gilmar nem era nascido, e o microfone já existia. Naqueles tempos, falar nele era coisa tão importante que se usava terno e gravata. Só se tirava o chapéu para aquele trambolho metálico cheio de furinhos que lançava palavras ao éter, sinônimo para as ondas de rádio.
SABEDORIA DE DAUDT
Quando eu fazia o Informe Especial do jornal Zero Hora, nos anos 1980, o radialista José Antônio Daudt desceu dos estúdios da Radio Gaúcha para lembrar o aniversário de ZH, que quase fora esquecido. Seu Maurício Sobrinho (saudades dele…) mandou baixar alguns barris de chope para comemorar.
A copos tantos, o Daudt começou a nos entrevistar ao vivo. Chegou na minha vez e ele perguntou de onde eu tirava tanta informação. Pergunta que sempre fazem, aliás. Enumerei algumas coisas bobas e quando elas me faltaram falei “até da casa do carvalho” só que na hora omiti o V. Caí na real e antes mesmo de me desculpar, o Daudt cortou meu barato falando rápido ao pé do ouvido:
– Não para de falar, vai em frente sem desculpas.
Grande lição. No rádio, as palavras entram em um ouvido e saem pelo outro. Poucos ouvintes se deram conta do impropério.
Tudo bem, mas onde entra republicano no palavrão do Gilmar? Se eu disser o mesmo palavrão com microfone desligado serei um?