Sobre falsificações
Houve época em que um grupo do qual eu fazia parte almoçava tudo junto incluído pelo menos duas vezes por semana em lugares variados, entre eles a agência Arauto do Salim Allem. O gordo tinha uma cozinheira que transformava uma simples comida caseira em uma obra de arte, seguindo o depoimento de vários estômagos. Mas também curtíamos o Dado Garden e a Churrascaria Na Brasa, hoje NB.
Da roda fazia parte o querido Flávio Del Mese, personagem assaz conhecida como globe-trotter e bom vivant. Certo dia, fomos na Na Brasa e, quando passou o espeto da picanha, ofereci-me para devorar uma boa parte dela. No preciso momento em que o garçom cortava a carne, o Flávio fez um comentário.
– Olha, eu não acredito em picanha. Deve ter muita falsificação. O boi só tem uma picanha e todo mundo só come esse corte, então não tem boi que chegue.
Quando o garçom se dirigiu para outra mesa, veio um colega e colocou bem na frente dele um espeto com corações de galinha. Parei de mastigar e fui à vingança.
– Então me diz uma coisa, Del Mese. A galinha ou frango só tem um coração e todo mundo come coração de galinha. Só nesse espeto na tua frente deve ter uns vinte. Então, seguindo teu raciocínio, alguns deles seriam falsificados?