A Arena em Moscou
Nas Olimpíadas de Moscou de 1980, aquela do ursinho Misha vertendo uma lágrima no final dos jogos, entre a comitiva de jornalistas estava o Paulo Sant’Ana. Durante uma escala, parece que na Itália, ele comprou dólares na rua, um pecado mortal até no Vaticano. Quando chegaram em Moscou, todos trataram de trocar dólares por rublos em um guichê ao lado da recepção do hotel. Sant’Ana, é bom lembrar, tinha sido vereador pela Arena nos anos 1970, que era o partido do governo no tempos do regime militar.
Bem do jeito dele, Sant’Ana nem deu pelota para a fila que se formava e a furou. Quando entregou os dólares comprados na viagem, a russa parruda que fazia o câmbio olhou discretamente para o lado. Em milissegundos apareceram dois KGBs da vida e conduziram o Paulo pelos cotovelos até uma sala contígua.
Os demais jornalistas olhavam divertidos a cena, pois sabiam que não aconteceria nada com o gaúcho a não ser perder os dólares frios. Quando estavam na porta da tal sala, o jornalista e treinador João Saldanha, conhecido por simpatizar com o PCB, botou as mãos em concha e gritou.
– Pode prender porque ele é da Arena!