A noite da fumaça
A morte do jornalista e advogado Flávio Solon Schubert, 75, me fez lembrar os anos 1980, quando trabalhamos juntos na Zero Hora. Ele era editor da Nacional, se não me engano, e eu fazia o Informe Especial. O alemão era a calma em pessoa e eu nem tanto, pelo contrário. Dávamo-nos muito bem. O bom dele era que tinha risada fácil e grande senso de humor, no sentido britânico da palavra. Ou seja, com doses de ironia.
Na avenida Erico Verissimo, a meia quadra do prédio da RBS, existia o bar doce bar dos jornalistas, o Porta Larga. O Schubert não ia muito no pedaço que eu lembre. Já escrevi em prosa e verso neste blog sobre esse sagrado recanto, que deveria ter sido tombado. Uma das tantas histórias foi a visita de uma socialite ao bar, convidada que fora por alguém cujo nome escapa. Era uma sexta-feira de noite, frio como o de agora. No canto do Porta quedava uma churrasqueira; um grupo assava um belo churrasco. Como o espaço ficava ao ar livre, o Chiquinho botou um toldo de plástico com laterais e frente. Tudo fechado. Então o espaço foi tomado por uma fumaceira dos diabos porque o carvão estava úmido. Pior é que a visita estava com um vistoso e longo casaco de pele, legítima. Aprisionada pela fumaceira, mal tocou no assado.
Naquela noite a socialite viu como os jornalistas da ZH bebiam, comiam e se defumavam. Ela foi defumada passivamente, embora sob protestos. Nunca mais quis saber como jornalista assa churrasco.