Uccellacci uccellini
Ou gaviões e passarinhos, nome de um filme do diretor Pier Paolo Pasolini, de 1966. Lembrei dele porque estamos vivendo o império dos gaviões atropelando passarinhos, que somos nós. Indefesos diante esse predador que, tal como a música cantada por Maria Betânia, “É um bicho que voa que nem avião/Pega, mata e come“.
Neste particular, estamos bem servidos. Ou comidos. A começar pela reforma tributária, cujas poucas garras que mostrou estão a indicar que o setor de Serviços vai pagar o pato.
Os gaviões do Senado
O Senado certamente vai mudar o texto aprovado pela Câmara dos Deputados, texto que então voltará para avaliação dos deputados federais. A boa notícia é que só em outubro ele começará a apreciar o projeto. Transição até 2026, dois tipos de IVA, vai valer na íntegra só em 2033.
Boa notícia digo eu, porque só no segundo semestre o ministro Fernando Haddad vai entrar no campo dos tributos pessoa física e lucros/dividendos. O que se sabe é que, para o governo, quem ganha R$ 5 mil é rico. Então aprontai vossas carteiras, irmãos em sofrimento.
Os gaviões de cada dia
Além da reforma, há outros gaviões sobrevoando a passarinhada. Aos poucos, o Estado vai sendo aparelhado, querem terminar com os Colégios cívico-militares, cujos alunos são os mais bem-sucedidos nos vestibulares – aqui junto com o Israelita.
No dia- a dia, uccellacci não faltam, desde a insegurança, sensação de impotência em face do avanço da criminalidade, o domínio do tráfico no Crime S.A., em boa parte com ordens de quem já está preso. Em pleno século da alta tecnologia, não conseguimos evitar a entrada de celulares (e armas) nos presídios. Sai dessa, Chat GPT.
Além de outros ataques aéreos, temos o inferno derivado da internet. Coisa boa ela. Mas para incomodar como ela incomoda quase anula os benefícios.
O exemplo mexicano
O estado de calamidade no RS me lembra uma frase do ex-presidente mexicano Porfirio Diaz sobre as agruras eternas do seu país:
Pobre México. Tão perto dos Estados Unidos e tão longe de Deus.
Também estamos meio longe Dele, não?
Carneiros e poodles
Os pelos de cães da raça poodle possuem características idênticas à lã de carneiro, e podem ser utilizados pela indústria têxtil. É o que consta na dissertação de mestrado do pesquisador Renato Nogueira Lobo, da USP.
Segundo o portal Making Of, para produzir uma tonelada de fio seriam necessários 600 quilos de pelo de poodle, obtida por meio da tosa de 800 animais. Seria uma alternativa para diminuir o descarte de pelos nas pet shops. É muito cão.