As voltas que o mundo dá

4 nov • NotasNenhum comentário em As voltas que o mundo dá

O estopim para a Revolução de 1964 foi a Marcha com Deus e Família que levou um milhão de pessoas na avenida N.S. de Copacabana no Rio de Janeiro., maioria mulheres. Quem apoiou entusiasticamente o movimento e deu manchetes com fotos bem abertas na capa foi o jornal O Globo, no tempo em que jornais conseguiram derrubar presidentes.

https://promobanbanban.banrisul.com.br/?utm_source=fernando_albrecht&utm_medium=blog&utm_campaign=promo_banbanban&utm_content=escala_600x90px

Foi assim por todo o regime militar, com o doutor Roberto Marinho tirando o pé do freio depois de 1968, quando o AI-5 pegou pra capar. Mesmo assim, dava apoio velado. Quando a abertura lenta, gradual e segura urdida pelo ministro e general Golbery do Couto e Silva ganhava terreno, O Globo abraçou a causa. Mas com a devida prudência.

https://cnabrasil.org.br/senar

Passa-se esse tempo todo. Hoje, tanto o jornal quando a TV Globo mudaram de lado, e a família abraçou a candidatura Lula execrando Jair Bolsonaro desde o início do seu mandato. Ele não deu dinheiro para a Globo, repetiam todos, e por isso está se vingando do capitão.

Errado. Bolsonaro nunca deixou de dar dinheiro para a Globo, reduziu o butim assim como reduziu das demais emissoras. Vale lembrar que em torno de 30% do faturamento dos jornais vem da chamada publicidade legal, atas de assembleias, balanços, licitações etc. Mas o dinheiro grosso mesmo vinha dos anúncios das estatais.

Onde então está o furo da bala? Fala-se de muita coisa, mas há uma certeza: empresário peso-pesado não briga por antipatias. Há um rumor que a questão seria a ampliação do limite legal de participação de empresas estrangeiras em emissoras de TV, hoje em 30% no máximo.

Bolsonaro teria dito não. E assim tudo começou. Grupos ou fundos de investimento estrangeiros não botam dinheiro para uma empresa que não controlam, porque as afiliadas da Vênus Platinada seguiram o padrão Globo de dar cacetadas. Agora, se é isso ou mais ou menos isso é a questão.

Dinheiro de fora, dinheiro de dentro

Mas dinheiro de fora colocado no dinheiro de dentro tem muito jeito de entrar. O diploma legal brasileiro sempre tem um furo. Às vezes, de propósito, às vezes, por incompetência dos nossos legisladores.

Somos campeões em leis inúteis ou de difícil fiscalização. Essa condição exaspera o contribuinte. Tudo é feito para não resolver, para a alegria dos demagogos populistas.

Peneira legal

Tanto nas Assembleias Legislativas como nas Câmara de Vereadores são apresentados projetos claramente inconstitucionais ou com vício de origem, que não passam pelas Comissões de Constituição e Justiça. Mas, mesmo assim, são levados a plenário.

Se são aprovados, o prefeito ou governador obrigatoriamente tem que vetá-los. O que diz o legislador? Olha, gente, eu queria melhorar a vida de vocês, mas não deixaram. Assim se constrói a demagogia em estado puro.

O momento B

Eu prefiro não brigar com a notícia e, por isso, não obrigatoriamente tenho que emitir opinião. São 58 milhões que não gostam do Lula e 1,8 milhão a mais que gostam.

O choque é inevitável. E continuará sendo. Lula vai comer uma volta para impor uma pauta de esquerda sugerida pelos falcões do PT. Conflitos virão. E, desta vez, ao contrário do seu primeiro governo, terá que enfrentar as ruas.

É preciso dizer que os militares não querem uma quebra constitucional. É ruim para os negócios e investimentos. Empregos, em última análise.

Avestruzes na areia

Não publicar imagens e vídeos com uma visão ampla dos protestos é sonegar informação ao leitor. Não será minimizando os protestos que eles desaparecerão. É uma postura infanto-juvenil da mídia. Essas crianças nunca aprendem.

A risada de Deus

É mais claro que água mineral sem bolinhas que Simone Tebet aceitará até mesmo ser motorista do Planalto se o cargo lhe der vitrine, de que ela precisa para pensar na presidência em 2026. Por fora, o novo governador de São Paulo, Tarciso de Freitas. Mas é prematuro. Como diz o provérbio iídiche, o homem planeja e Deus ri.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »