Três lanches que alegraram minha vida
Acho que todo mundo gosta de empada de galinha, mas assim como existem livros e livros, nem todas podem ser qualificadas de boas e muito menos de excelentes. A Padaria Copacabana do Mercado Público oferece uma enorme, e nem é cara. Do lado oposto, as da Confeitaria Princesa, na subida da Rua da Praia, são muito boas – pequenas e bem carinhas – já foram excelentes no passado. Mas é a velha questão: mudaram nossas papilas gustativas ou mudamos nós?
É bem provável que algumas comidinhas que nos conduziram ao sétimo céu no passado talvez hoje nos levassem a perguntar o que foi, afinal de contas, que nos levou a achar que era comida dos deuses. Tenho por mim que papilas também são como metais, existe a fadiga ao longo dos anos.
Seja como for, há três lanches que marcaram minha vida: o croquete da antiga oficina da Zero Hora, na rua Luís Afonso, quando comecei minha carreira; o bauru de três andares de pão de forma especial com filé de porco, queijo e tomate do Centro Esportivo, na Benjamin Constant, a 50 metros da esquina com a Cristóvão Colombo; e a empada de galinha na lanchonete Big Ben, na esquina da Marechal Floriano com a Otávio Rocha, Centro.
Eram tempos de dureza, aí por volta de 1965. Eu trabalhava num banco (Província) e íamos lá comer as empadas. Eram grandes, bem socadas – nada dessas massas que parece travesseiros de plumas – e com muito, muito recheio. E não eram caras. Nunca mais comi coisa igual. Pagaria um bom dinheiro para ter de volta as empadas da Big Ben.
O problema maior não é localizar o dono. Tem que localizar a cozinheira que fazia esses quitutes inesquecíveis.