Passe livre para o nada
O livro “Por Trás da Máscara — Do Passe Livre aos Black Blocs, as Manifestações que Tomaram as Ruas do Brasil”, de Flavio Morgenstern, traz uma conclusão instigante sobre os movimentos que convulsionaram o país em 2013: porque eles não deram em nada.
A epígrafe do livro, de filósofo José Ortega y Gasset, resume a visão do autor: “Como (as massas) não veem nas vantagens da civilização um invento e uma construção prodigiosos, que só com grandes esforços e cautelas se podem sustentar, creem que seu papel se reduz a exigi-las peremptoriamente, como se fossem direitos nativos. Nas agitações provocadas pela escassez, as massas populares costumam procurar pão, e o meio que empregam costuma ser o de destruir as padarias.”
É ou não é um primor de conclusão? No tempo do Ortega (“eu sou eu mais minhas circunstâncias”) não existia transporte urbano, mas se vivo fosse, poderia acrescentar a quebradeira dos ônibus ao lado das padarias.