Tô nem aí

7 mar • NotasNenhum comentário em Tô nem aí

Esqueçam a tese de que as sanções contra a Rússia vão demover Vladimir Putin de ocupar a Ucrânia e outros países vizinhos mais adiante. E esqueçam, por ora, uma suposta revolta do povo russo contra seu líder.

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O país pode arder nas chamas da pobreza e da hiperinflação que é pouco provável que Putin caia por forças internas, salvo golpe no presidente adepto de golpes constitucionais travestidos de “adaptação democrática”.

Em primeiro lugar, não sabemos quase nada do estado anímico da população. Os protestos não são representativos. Imaginamos que os russos sejam como os povos ocidentais, massacrados pelas notícias e imagens do front. Facebook e Twitter estão sob censura, só o uso da palavra “guerra” dá cana segura. Quer dize, o russo médio nem sabe o que está acontecendo.

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A implosão do regime comunista vigente desde 1917 só teve apoio do povo depois do acontecido. Nos anos 1950 e 1969, países enérgicos como a Hungria, a Tchecoslováquia e a Polônia tiveram revoltas contra o regime soviético. Mas foram esmagadas pelos tanques T-34, a morte sobre lagartas. Russo sempre foi bonzinho e obediente aos generais e autocratas.

No fundo, os russos gostam de ser tutelados, a exemplo de alguns povos árabes. São estoicos, trabalham sob condições climáticas e políticas  extremas, desde o tempo dos czares até hoje. Sim, ele se rebenta. E neste sentido é um povo admirável.

No livro “Imperium” foi escrito por um jornalista polonês em 1993. Ele visitou todas as repúblicas soviéticas antes e depois da derrocada do regime. Em determinada cidade pequena na Sibéria, viu um grupo de idosos acima de 80 anos que viveram a Revolução de 1917,  se aquecendo com uma fogueira feita de pneus usados.

“Essa gente se matou e sofreu por nada”, escreveu, observando aqueles rostos e corpos magros dobrados pela tristeza que nunca comeram um mísero bife em toda a sua vida, sempre ouvindo que a revolução fora feita para o povo, que nem mesmo comida decente pode ter.

Essa é a tragédia maior. No Ocidente é parecido, vide os políticos em campanha. E para o povo, repetem. Depois, o povo que se arrebente, para usar um termo suave em vez daquele que descreve o ato sexual.

O guiso do gato

Leitor sugere que está mais do que na hora de uma reforma no Judiciário. Lembra a história do rato que caçava sem ser pressentido. Um deles sugeriu que colocassem um guizo no rabo do bichano. Muito bem, ponderou o chefe da rataria, mas quem vai botar o guiso no gato? No caso,  deveria partir do Congresso. Mas suas excelências têm rabos longos. Logo, não me comprometa…

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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