• A madrugada do morto (Final)

    Publicado por: • 15 maio • Publicado em: A Vida como ela foi

       O que aconteceu foi um acidente de trabalho. Ela tinha acertado um programa com um homem de meia idade. Então foram para um motel muquirana, na realidade um quarto desses que têm uma placa de “aluga-se”. Em pleno combate de Eros, o sujeito soltou um grito e morreu. Asi no más, sem  aviso prévio, sem lenço, nem documento.

       Apavorada, a garota começou a gritar. O resto vocês podem imaginar. Veio o dono do quarto, veio a Polícia, veio a suspeita de que ela tinha matado o cara e, enquanto o legista não determinou a causa mortis, ela estava detida.

        Quanto entrei na sala onde ela estava, que se deu a súplica. Então falei com o inspetor encarregado e perguntei em que estágio estava o caso. Repórter sempre teve prestígio.

        – O  doutor está terminando o laudo. Mas parece que foi infarto mesmo, fulminante. Vou liberar a garota. E como sempre acontece nestes casos,  o cabra morreu de garrão em pé.

      Dei a boa notícia para a mina do Bironha. Eu não sabia, mas quando alguém morre em pleno ato sexual, o membro não entra em estado de repouso, fica como estava antes de morrer.

        Vivendo e aprendendo. No caso do indigitado cidadão, morrendo e aprendendo.

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  • A madrugada do morto

    Publicado por: • 14 maio • Publicado em: A Vida como ela foi

       – Fernandinho, me ajuda pelo amor de Deus. Eu não posso ser presa!

       Que coisa mais embaraçosa. Como poderia eu ajudar a mina na quadra do Bironha, jargão de gigolô dos anos 1960, que significava que ele tinha e mantinha  uma prostituta de rua? O que tinha acontecido naquela madrugada com a garota, de imediato, até arrancaria sorrisos. Mas o apelo desesperado dela não dava margem a graçolas. De fato, na vida de uma prostituta era uma tragédia.

       Eu estava no Palácio da Polícia, na avenida Ipiranga, fazendo minha rotina da madrugada como repórter, naquele frio inverno, quando o pepino apareceu. Eu a conhecia de vista, apresentada que fora pelo Bironha no bar Leão, na Rua da Praia. Ele era uma das minhas fontes do baixíssimo mundo, e fazia parte do ofício pagar cerveja nos nossos encontros.

       Ela não era alta nem baixa, nem feia nem bonita. Apenas uma garota suburbana perdida nas quebradas do mundaréu, que acabou por se prostituir e precisava de um protetor que a defendesse de outros gigolô naquele trecho do Centro. E também de outras mulheres, rivais cujo melhor argumento era uma navalha afiadíssima. Na falta dela, uma gilete servia. Eram grandes os perigos da rua.

       Pois acontecera algo trágico naquela madrugada, e ela não conseguira localizar o seu homem. E ela detida, nua, na dependência do Palácio da Polícia, nome que eu sempre achei ser sacada de um irônico de grau maior.

       – Tá, não prometo nada. Mas vou ver o que posso fazer.

     (Leia o final amanhã)

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  • Se Deus não lhe deu a graça da humildade, peça a Ele a da dissimulação e finja que é modesto.

    •  Tancredo Neves •

  • O atentado

    Publicado por: • 14 maio • Publicado em: Caso do Dia, Notas

       Vi um daqueles programas de culinária no Canal Food. Gosto de assistir, até pelo hedonismo dos americanos. Parece que eles perderam a noção geral. No que eu vi, uma mulher bonita que atende pela alcunha de Tia Mowry, preparou uma salada que consistia no seguinte: melancia grelhada. Ela cortou a fruta como se fossem bifões, botou sal, pimenta, folhas de hortelã e pistache moído. Isso feito, colocou o atentado na grelha.

    Deu na Zero Hora

       Mulher compra cão por R$ 680,00 e descobre depois que era uma raposa. Bem, só falta ela confundir uma raposa com um dobermann.

     Do grande compositor Adelino Moreira, o favorito de Nelson Gonçalves:

       “Fica comigo esta noite/Que não te arrependerás/Lá fora o frio é um açoite/Calor aqui tu terás”.

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  • O refri da mamã

    Publicado por: • 11 maio • Publicado em: A Vida como ela foi

       A piada antiquíssima mais infame que conheço sobre o Dia das Mães é aquela em que a professora pede para a gurizada fazer uma redação que terminasse com “mãe a gente só tem uma”. Todas as crianças fizeram as suas. Mamãe salvou-me da piscina quando me afogava, por isso, digo que mãe a gente só tem uma. O outro contou que quase caiu da sacada, mas a madre o segurou bem a tempo, por isso ele escreveu no final, mãe a gente só tem uma.

       Chegou a vez do famigerado Joãozinho. Na redação, ele contou que chegaram – de surpresa – várias tias e primos, então ela pediu ao filhote que olhasse na geladeira para ver quantas Coca Colas tinha. E o sapeca:

       – Mãe, a gente só tem uma.

     

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