O olho da Gioconda
Peguei de refilão um causo contado em roda de jornalistas sobre um estranho bar lá pelas alturas da Usina do Gasômetro, Porto Alegre. Ainda estou investigando o causo, mas o material que tenho já dá uma boa ideia. Os fregueses do tal bar gostavam de um pôster afixado na parede atrás do tosco estabelecimento mostrando a Mona Lisa com um olho tapado, pintado de preto. Vez por outra, algum freguês mais afeito a releituras à moda Andy Warhol, como ele fez com a Marilyn Monroe e o Mao Tse Tung. Sacrilégio, diziam os adeptos do comunismo chinês à época. Um dia, alguém resolveu conferir a obra mais de perto, bem de perto.
Descobriu que não era releitura da Mona Lisa coisa nenhuma. Eram os restos mortais mumificados de uma barata, assassinada com uma chinelada bem na hora que passava por cima do olho da obra prima do tio da Vinci, mais conhecido por Leo. O assassino nunca foi descoberto, se era um freguês ou o dono – foram tantos!
Mais um crime não resolvido, no fim das contas.
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