O caso da joia de sexta

8 out • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em O caso da joia de sexta

Certa vez, um gauchão queria ganhar uma modelo bonita pra mais de légua. Não era pobre, mas também não era o milionário que fingia ser. Numa sexta-feira dos anos 1970, final de expediente bancário, ele foi com a garota para uma joalheria no Centro de Porto Alegre. Mandou ela escolher a joia que quisesse, enfatizando que não havia limite de preço. Dois a-do-ra-ram: ela e o joalheiro.

PASSO 2

Quando ela escolheu um caro anel de brilhante com esmeraldas, o gauchão nem se abalou. Perguntou o preço, o dono da joalheria fez um desconto e ele começou a preencher o cheque. Entrementes, o gerente da casa ligou para um gerente do banco que conhecia e perguntou se o senhor tinha fundo para um valor tão alto. Fazia-se isso então, sem maiores problemas.

PASSO 3

O cara tinha uma bela conta corrente, mas não para cobrir o valor do cheque. Como o banco estava prestes a fechar, o dono o chamou para um particular. Nada disso, redarguiu o apaixonado guasca, pode falar na frente dela. Cheio de dedos, o dono disse que infelizmente não tinha como descontar o cheque, pois a agência havia encerrado o expediente. Sem problema, falou o guasca, pode ficar com o cheque e desconte na segunda, então eu volto para pegar a joia. De fato, na segunda ele voltou e pediu de volta o cheque.

– Mas o senhor não…não vai querer a joia? Podemos parcelar.

– Não – respondeu ele. -E antes que me pergunte já digo a moral: precisa ver o fim de semana que passei com ela…

MORAL DA HISTÓRIA

O caso é conhecido, lenda urbana ou não. Quando me contaram eu falei que aquilo sim era outro tipo de cheque, nem voador, nem borracho, nem pré-datado, era o cheque figuração.

DE VOLTA A 2019

Rodrigo Janot disse à Veja que o episódio com Gilmar Mendes ocorreu no dia 11 de maio. Neste dia, ele estava em Belo Horizonte, como investigou o repórter Felipe Recondo, do site Jota, reproduzido pelo jornalista Carlos Brickmann. Então lembrei do caso da joia. O que Janot fez foi um assassinato figuração. Como escrevi há mais dias.

MARQUETING DA ÁRVORE

Adelino Colombo foto divulgaçã 0A edição desta semana do “Tá na Mesa da Federasul”- reunião-almoço, com palestrantes convidados, empresários e executivos, para a discussão de ideais, tendências, ações e projetos ligados ao desenvolvimento econômico, político e social do Estado e do País – cujo tema é “Empreendedorismo: a Retomada da Economia” fará uma homenagem aos 60 anos das Lojas Colombo na pessoa do seu fundador, Adelino Colombo, 88.

CHERCHEZ LA FEMME

Procurem a mulher, ou achem a mulher, é bordão de histórias policiais francesas do passado – hoje é o vil metal mesmo. Pois são as mulheres que decidem as compras, inclusive de automóveis. Marido só paga. Adelino Colombo teve isso em mente quando, lá atrás, em Farroupilha (RS). Pendurava rádios portáteis japoneses Spica ligados com todo volume e os pendurava nos galhos das árvores nas casas dos colonos, enquanto a família estava na missa dominical. Quando eles voltavam e viam aquela maravilhosa sonora em um pequeno objeto pediam ao marido para comprar um para ouvir as radionovelas, no tempo em que a TV não existia no RS.spica

TAMANHO NÃO É DOCUMENTO

É preciso entender que, nos anos 1950, o conceito de rádio bom era o tamanho do receptor. Não se acreditava em rádio pequeno, por isso o Spica, da Sony, custou a ganhar credibilidade. O tamanho pode ser reduzido porque não tinha válvulas, o milagre chamava-se transistor. E Colombo fez esse lance de gênio. Vendeu mais que pão quente.

A CAMISA DO JAPONÊS

moritaO criador do Spica e fundador da Sony, Akio Morita, deparou-se com o mesmo problema quando lançou o radinho.

Por mais que os vendedores da Sony enfatizassem qualidade em tamanho pequeno, os lojistas respondiam que ele podia ser pequeno “mas não cabia no bolso da camisa”. O que fez Morita? Aumentou o tamanho do bolso das camisas dos  vendedores.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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