Do passado para o futuro

29 abr • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Do passado para o futuro

Estive matutando sobre meu futuro com olhos para meu passado. Sim, eu sei que parece temerário alguém que está mais para geriatria e não precisa mais de pediatria falar avante. Mas não está morto quem peleia, como deve ter dito Matusalém ao  completar 500 anos. Faço minhas as palavras que o doutor Roberto Marinho. Dizia, segundo a lenda, ao abrir reuniões de diretoria: se um dia eu vier a falecer…

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OS VIVOS MUITO VIVOS

Parafraseando o Barão de Itararé, que por sua vez parafraseou o lema positivista, os vivos serão cada vez mais e necessariamente governados pelos mais vivos. Vivo que estou, assino embaixo. Mas si viver não dá bijuja, como falavam os antigos. Então vou à cata do vil metal enquanto eu não falecer. Se é que um dia eu vier a falecer.

ESPECIALISTA DE TELEGRAMA

Vocês que me leem aqui ou na Pg3 do Jornal do Comércio sabem que sou perito em sintetizar, com frases curtas consigo dar o recado. E aí entra meu passado. Quem não conhece o passado não terá futuro, pelo menos futuro financeiro. Eu já fui especialista  de telegrama.

POR DEFINIÇÃO…

…telegrama tinha que ser  curto, porque cada palavra custava muio dinheiro. Vocês que usam SMS não têm ideia de como se reduziam mensagens. A mais notável  que conheço era de um funcionário do governo que foi ver, em loco, uma enchente do  Rio Caí. Nos anos 1960, desmoronou o cais de uma cidade por ele banhado, e assim descreveu o cenário para o chefe: Cais Caí Caiu PT Caio.

PT era ponto em telegrama, e Caio o nome do funcionário. Por sinal, grande figura e com notável sense of humor. Já não se fazem mais Caios como antigamente.

PARA CHORAR?

Ao ponto. Certa vez político de nomeada né pediu que eu reduzisse um telegrama de pêsames aos familiares de um cabo eleitoral. Perguntei a ele se era protocolar ou para chorar. Ele quedou pensativo, e depois de segundos falou: “para chorar.” Um deputado que ouvia a conversa perguntou se eu não podia redigir um telegrama “protocolar”, mas nem tanto. Finas nuances, falei. Ele não sabia bem o que era nuance, mas quem sou eu para curar o analfabetismo alheio.

COICE DE PORCO

Para resumir, fiquei famoso por escrever curto, e mais curto que coice de porco. Também criei finas nuances outras, como telegrama só para a esposa e até para a amante do finado. Então comecei a cobrar por teto. Infelizmente, ninguém queria pagar por velório alheio. Bem coisa de gaúcho.

E O CORONA?

Vai bem obrigado. No RS , 11.30 casos por 100 mil habitantes. Não vem cumprindo a meta, o desinfeliz.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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