Do latim ao grego
Cada geração chega ao fim do seu espaço e fica desorientada por não entender a próxima. Eu gostava dos Beatles, mas meus pais, tios, vizinhos e todos acima de 40 anos, não. O gap era de 10 ou mais anos. Mas nem em uma centena de anos dá para entender o que hoje chamam de música. Pelo menos a brasileira.
Há fatos na nossa vida que lembramos com prazer até hoje, mas que para os novatos não tem a menor graça. Um respeitado homem público e advogado, capitão de longo curso da sua matéria, chegou à velhice muito avariado. Os seus delírios eram em latim. Então tinham que buscar o irmão com os mesmos dotes linguísticos para traduzir o monólogo.
Dos meus tempos de faculdade, com alguma frequência, lembro de ver dois animados professores de Letras da UFRGS falando grego antigo como se fosse a coisa mais natural do mundo. E levando em conta essa época, eu também achava a coisa mais natural do mundo.