Voando bêbado

20 jan • NotasNenhum comentário em Voando bêbado

Autoridades ambientais australianas estão preocupadas com papagaios bêbados. Eles comem mangas maduras que fermentam e geram álcool, que as aves comem/bebem. Como seres humanos, saem por aí dando trombada em tudo, inclusive janelas. Muitos morrem. E não é de cirrose. Não deu tempo.

O porre fashion

Fazer fiasco bêbado é uma coisa hilária e também trágica. O mundo bebe demais, e mal. Nos anos 1950/60, porre era fashion. As gurias admiravam quando o bonitão bebia todas. Fumar era fashion também. Era mais pelo ritual, isqueiros caros, a fumaça para o alto, mas debaixo disso vinha a dependência. Depois era feio beber. Começávamos a fumar aos 15, 16 anos.

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Pelo que vejo, hoje virou bonito de novo. Observem a quantidade de músicas pseudo sertanejas em que a letra fala em vou tomar um porre, vou beber todas, por aí. Talvez os papagaios australianos, os mais inteligentes do planeta, tenham nos copiado. Imagine a papagaiada nas árvores de Porto Alegre cheias de água que passarinho não bebe, ou não bebia.

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Imagina roda de papagaio bêbado, mal e mal se equilibrando nos galhos. “Sabe a última do papagaio há há há”.

Os matadores do trânsito

Quando trabalhei na Folha da Manhã, 1974, pela primeira vez o hoje DNIT fez uma correlação entre direção e bebida nas rodovias federais. Concluíram que 40% dos acidentes se deviam a motoristas bêbados. Mostrei para um colega que bebia até embaixo do chuveiro. Ele deu de ombros.

– É daí?  Prova que a maior parte dos acidentes é causada por gente que não bebe, 60%.

Ausência molhada

Em 1989, quando o governo Geisel criou o programa Proálcool na esteira do terceiro choque do petróleo, um dos fiéis bebedores do bar do City Hotel, na rua José Montaury, Centro de Porto Alegre, se interessou em plantar cana para produzir álcool em microdestilarias. Sumiu por uns tempos. Certo fim de tarde, um dos 12 apóstolos da birita entrou no bar  esbaforido.

– Sabem da última? Nosso amigo desaparecido entrou no Proálcool!

Ninguém ficou muito impressionado. Um deles falou.

– E alguma vez ele saiu?

Ligeiro engano

“Democracia: você diz o que quer, mas faz o que lhe é dito.” A frase é de Gerald Berry, patologista e professor da Universidade de Stanford. Homem sábio.

Na terra de Macunaíma, temos muito democratismo.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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