Diário da peste

23 mar • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Diário da peste

Eu tive um sonho. Que tudo era um pesadelo e que a economia reagiria rapidamente após o coronavírus acalmar, o que se dará mais cedo ou mais tarde. Mas a economia, mermão…

POVO

Como sempre em eventos desta natureza, primeiro o povo fica desconfiado, depois assustado, em seguida rebelado. Ficar em casa sem poder sair vai cobrar um preço emocional tremendo.

SEPARAÇÃO

Certa vez, um amigo querido separou-se da mulher e foi morar na suíte de um hotel 5 estrelas. Tinha bala para isso. Por uma semana ele se disse feliz, havia rompido um casamento errado, não mais tinha ranço ao chegar em casa. Tinha até mordomo para fazer ovos mexidos no tempo certo.

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SOZINHO

Passado um mês, ele foi ficando macambúzio. Ligava-me para sair, ir a um bar e jogar conversa fora. Tudo bem, mas ele ligava de madrugada. Não aguentava mais morar em uma suíte, mesmo sendo uma 5 estrelas.

Trocou uma solidão por outra.

HOME OFFICE

Estou trabalhando em casa. Pelo menos tenho minha mulher, minha filha e a gata dela.

PRESIDENTE

Nunca saberemos se o Capitão ordenou fazer a coisa certa, no momento certo, no enfrentamento da emergência. Sempre se pode melhorar, é verdade, sempre poderia ter feito mais e antes.

ESTRUTURA

Se até a poderosa Alemanha não tem estrutura hospitalar para enfrentar a PESTE, imagina nós, cujos governos mal e mal conseguem pagar a folha de pagamento.

PECADO

Esse é o maior pecado brasileiro. Ano após ano, década após década, marchamos alegremente para o cadafalso fiscal com a ajuda e experiência do Poder Legislativo e atitude contemplativa do Judiciário. Todos nós somos culpados. Nunca cobramos atitude de quem elegemos. Taí o inferno, não está?

PALPITE INFELIZ

O agronegócio brasileiro foi atingido em cheio pelo vírus Filhos do Capitão. A declaração  do deputado Eduardo Bolsonaro obre a China referendada pelo chanceler tem potencial de fechar as relações comerciais entre os dois países.

DESTINO

Além de ficar aprisionado em casa, sou obrigado a ver reprises na televisão.

 Ó destino cruel!

DEVENDO

Não vai ter outra saída. Como ninguém vai conseguir pagar ninguém, teremos que fazer uma moratória geral.

PENSAMENTO DO DIAS

Eu não pago, tu não me pagas, ele não paga  Estamos quites.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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