Diário da peste
SABEM o artifício que fazem nos documentários, com a câmera focando um pequeno objeto e depois se distanciando cada vez mais até chegar no espaço sideral e mostrando a Terra como é vista do espaço? Se o ponto inicial fosse uma imagem do coronavírus, do espaço, na Terra se veria uma faixa gigantesca onde se leria “confusão”.
ESTE é o resumo da ópera trágica que vivemos. Não falo apenas do status quo, mas da confusão instalada por governantes, médicos, epidemiologistas e todos que se ligam ao vírus, fatos, consequências e previsões. Há unanimidade em poucos pontos. No resto, o cidadão comum fica boiando. Se adicionarmos que a linha de transmissão também erra muito, está feita a geleia geral.
VI com estes olhos que a Terra há de comer uma comentarista de rede de televisão dizer que o Chile não faz parte da América do Sul e que a China tem um TRILHÃO de habitantes, mesmo sendo MENOR do que o Brasil. Onde elas estavam da idade escolar? Na escola é que não estavam.
JÁ do lado dos especialistas, a maioria está brigando pela Taça Fim do Mundo. Uns falam em pico da doença apenas ano que vem, outros em novembro, julho, maio e final deste mês de abril.
ESTES pertencem à escola do Inferno de Dante Allighieri, “Vós que centrais, perdei toda a esperança”. Outros trilham caminho oposto com o samba Vai Passar, de Chico Buarque. O samba enredo cantado pelos Escola Jesus Vem Aí e Vai Passar. Também alcunhado Espeto Corrido.
É CLARO que há os que são zelosos, ponderam cuidadosamente o que vão dizer em público e, quando entrevistados, preferem o sistema perguntas por escrito, respostas idem. E se for telefone, gravam e colocam nas redes sociais assim que o perguntado encerrou.
ESTES últimos têm visibilidade menor porque não pertencem a nenhum desses grupos.
Não confundem desejo com realidade e repetem o filósofo Sócrates, que na sua humildade disse “só sei que nada sei”.
Pensamento do Dias
Aquela simpatia de bater na madeira e falar “isola” agora tem outro significado. É uma ordem.