Fritada de miolos
Com a greve dos bancários, os terminais eletrônicos, os TADs, são a salvação da humanidade, pelo menos a humanidade brasileira em geral e gaúcha em particular. Então eu devo ter feito algum mal que ofendeu o deus dos TADs. Das duas vezes que botei uma conta para o leitor ótico ler, essa bostinha não leu. Atrás de mim, uma fila de impacientes bafejava minha nuca. Se o piso das agências fosse de madeira, daria para ouvir o pé batendo na madeira, como nos cartuns que mostram alguém irritado.
Então, eu comecei a digitar os 50 números daquela tortura. Errei já no quarto, o que me levou à triste conclusão que eu sou burro. Pior, que faço parte dos mais de 70% de analfabetos funcionais deste rico país.
Estou desenvolvendo uma teoria, a de que tanto a cultura útil quanto a inútil fritam o cérebro. Ter familiaridade com a Dupla Fenda de Feynmann, que NaCl significa cloreto de sódio, e que cloreto de sódio vem a ser o sal de cozinha ou que se usa óleo de amendoim na cozinha de submarinos porque ele não larga fumaça, ou até mesmo que o cabelo rastafari que se pensa ser da Jamaica vem de Ras (Chefe) Tafari, nome civil do antigo imperador da Etiópia Hailé Selassie, que não tem nada a ver com Jamaica exceto que etíopes foram dar as caras no Caribe lá atrás.
Coisas assim deixam o cérebro entorpecido a tal ponto que ele não consegue nem mesmo comandar tua mão para que ela digite números. Credo.
PS: publiquei esse texto no meu antigo site em 2014, também em tempos de greve dos bancários. Parodiando o lema dos banqueiros do jogo do bicho, ainda vale o escrito.