• O Brasil é um país em que não se pode, em hipótese alguma, dizer a verdade.

    • Milton Simon Pires, médico •

  • O genro da Dona Maria

    Publicado por: • 27 fev • Publicado em: A Vida como ela foi

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    Várias vezes já narrei causos acontecidos no Restaurante Dona Maria, na rua José Montaury, Centro de Porto Alegre. O prédio é o mesmo, mas hoje abriga uma loja de utilidades domésticas, antigamente chamadas de Lojas 1,99, que vieram do conceito americano de One Dolar Store. O curioso é que no Brasil logo após o início do Plano Real, em 1994, nosso dinheiro realmente valia um dólar. Depois, quando o câmbio caiu na real, a cotação da verdinha era R$ 1,99.

    Dona Maria existiu de verdade. Ela abriu a casa no fim do século XIX. Anos mais tarde, já na década de 1930, o austríaco Ernesto Moser deu com os costados em Porto Alegre por uma circunstância invulgar: o circo onde ele trabalhava quebrou quando se apresentava em Montevidéu. Sem eira nem beira, resolveu arriscar a sorte no Brasil, como ele mesmo me contou, e trabalhou no restaurante Dona Maria. Ele apaixonou-se pela filha da Dona Maria, o que resultou em casamento. Então ele assumiu a casa após a morte da sogra.

    O Dona Maria era restaurante, a rigor, mas como outras casas também era bar nas horas vagas. O puchero, o mocotó e os filés eram seu forte. Nada excepcional, mas decente.

    Certa vez, seu Ernesto contou que era a pessoa com três nacionalidades: austríaco por nascimento, brasileiro por adoção, e alemão filho da mãe quando o cliente recebia a conta da refeição.

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    Publicado por: 5 comentários em O genro da Dona Maria

  • Marcha no pé

    Publicado por: • 27 fev • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    O tal samba no pé perdeu o sentido há muitos anos, pelo menos no desfile das escolas “de samba” do Rio de Janeiro e das capitais que tentam imitá-lo. A batida é de marcha-rancho, para começar. E por bonitos que sejam os enredos e caros efeitos, o espírito do carnaval deu lugar ao maior espetáculo da terra. Um show, verdade, mas carnaval que eu lembre era outra coisa,

    ADEUS A MOMO

    Digam o nome de uma só marchinha ou samba-enredo que tenha caído no gosto popular? Não me refiro ao povo da Marquês do Sapucaí, mas aquelas melodias assobiáveis com o Brasil inteiro sabendo de cor pelo menos parte da letra ou do refrão.

    OS EMPREENDEDORES

    Um dia alguém ainda vai fazer a contabilidade. Quantas toneladas de drogas são vendidas – melhor, compradas – em média no país, e qual o porcentual de aumento durante o Carnaval.

    BRINCADEIRA DE CRIANÇA

    No primeiro filme Operação França, em 1971, baseado em fatos reais, os detetives Jimmy “Popeye” Doyle e seu parceiro Buddy Russo apreenderam 25 quilos de cocaína pura, que pode ser desdobrada para render 10 vezes mais. Hoje, 25 quilos o tráfico dá para as crianças brincarem em casa. Quilos foram substituídos por toneladas.

    MOTIM A BORDO

    O ministro Sérgio Moro foi ao Ceará e depois tranquilizou o país dizendo na TV que a situação estava sob controle, com outras palavras. Não está. Dois batalhões da PM seguem amotinados.

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    SOB DESCONTROLE

    Moro vacilou. Está tudo sob controle onde, cara pálida? É nestas horas que o Estado tem que mostrar força. O motim dos PMs cearenses, que pode contagiar corporações de outros estados, ou seja, o Estado dentro do Estado. Os americanos têm urticárias só de pensar na hipótese. Por isso que, no episódio de Waco, Texas, em 1978, o FBI entrou com tanques e armamento pesado para pôr fim na aventura maluca do pastor Jim Jones. Mesmo às custas da popularidade do presidente, nunca hesitam nesses casos.

    O SÁBIO

    Warren Buffet, um dos homens mais ricos do mundo, diz que a doença não afetou suas perspectivas econômicas a longo prazo. Seu conselho aos investidores: não comprem nem vendam ações com base nas manchetes dos jornais. É o que sempre digo. Você não pode acreditar em tudo que os jornais dizem.

    CONFIE DESCONFIANDO

    Paulo Francis costumava dizer que até mesmo o expediente de jornal (nome da empresa, razão social, endereços etc) e a data da edição precisam ser conferidos. Peguei o hábito. Um ano depois abri um jornal da Capital e vi que o dia da edição estava errado, era do dia anterior.

    MAS QUE COISA, SEU!

    Como se diz na Fronteira Oeste. Mais uma jogada de altíssimo risco essa do Capitão ao apoiar e depois silenciar sobre a manifestação do dia 15. Apesar desses saltos sem rede, Bolsonaro tem avaliação estável em fevereiro, segundo pesquisa da XP/Ibespe. Ruim e péssimo somam 36%. O que é preciso é uma pergunta sem resposta: se ele fosse mais educado, digamos assim, qual seria o percentual os que definem seu governo e sua figura como regular e bom chegando ao ótimo?

    PENSAMENTO DO DIAS

    Do jeito que a coisa vai, em breve teremos a profissão do personal drug dealer.

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  • Do que deveríamos ter mais medo, do coronavírus que matou 2,7 mil pessoas em três meses ou dos 170 assassinatos no Ceará em três semanas?

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  • Outros Carnavais

    não se faz mais música de carnaval como antigamente

    Publicado por: • 26 fev • Publicado em: A Vida como ela foi

    É alto o número de mulheres que sofrem algum tipo de constrangimento sexual, comportamento que se torna mais agressivo e recorrente durante o Carnaval para aquelas que participam de bloquinhos, desfiles, eventos fechados ou trios-elétricos.  No passado, tivemos a famosa “mão boba”, que vinha a dar na mesma coisa.

    Nos carnavais de décadas anteriores era muito cantada a marchinha Napoleão.

    Napoleão
    Era bom de briga
    Escondia a mão
    Pra coçar a barriga
    Oba oba oba
    Napoleão também tinha mão boba.

    Fosse hoje, Napoleão seria preso, merecidamente. Mas havia outras letras que ensinavam as mulheres a sair da situação, como na A Mão do Alcides:

    Mas a moça que é sabida
    Não vai mais nesse macete
    Quando entra num aperto
    Leva sempre um alfinete

    O forte mesmo do Carnaval das décadas de 1940/1950 eram as letras de duplo sentido, como A Pipa do Vovô:

    A pipa do vovô não sobe mais
    A pipa do vovô não sobe mais
    Apesar de fazer muita força
    O vovô foi passado pra trás!

    Tão sutil quanto uma retroescavadeira.

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