Voa, passaralho

10 nov • NotasNenhum comentário em Voa, passaralho

No jargão das redações, passaralho é quando há um grande número de demissões em empresas jornalísticas. Pois o bicho andou voando e bem voado nos últimos dias, com 20 demissões de jornalistas de alto nível em O Globo, Valor e CNN.

Despacito, outros veículos também vêm reduzindo nos últimos tempos. Aos poucos, para não chamar muita atenção.

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Então, vejamos. Desde antes da pandemia, os jornais brasileiros (impressos) já não voavam em céu de brigadeiro, e a pandemia só piorou o quadro.

Uma combinação infernal de diminuição de leitores, presença massiva das redes sociais atraindo pessoas que, no máximo, enviavam cartas às redações, o delay entre a impressão até a chegada na casa do leitor-assinante. Além, disso, a preguiça em criar formatos e conteúdos mais criativos que se refletem em edições online nada amigáveis e, sobretudo, poluídas.

Buracos na minha estrada

Aprendi por experiência própria que, em média, o internauta é pouco dado a rolar tela, explorar seções escondidas. Fica poucos segundos na frente da tela ou página de rosto de um jornal, se não tiver uma minhoca bem gorda no anzol já de cara.

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A combinação da queda da renda publicitária, da falta de criatividade combinada com o custo da assinatura e – essa sim, uma tragédia – a redução do número dos que sabem e gostam de ler matérias mais aprofundadas, levou a crise às empresas jornalísticas (e televisões). O que elas têm feito é despedir os mais qualificados e manter mão de obra barata de quem sabe pouco do ofício.

Pior, acham que o Big Bang se deu quando eles nasceram. O foca de antigamente é o estagiário de hoje. Barato, salário mínimo quando muito. É com eles que as empresas pretendem fazer jornalismo de primeira. Vão sonhando.

Cante sua aldeia

Quem se salva em termos de qualidade ao cantar sua própria aldeia são os jornais do interior, pelo menos aqui no RS. Aliás, é por aí que tudo começa.

Canta tua aldeia e cantarás o mundo, já disse o escritor russo Leon Tolstoi. Depois de fazer o Informe Especial de 1982 a 1989, fiquei fora do mercado até 1996 em termos de colunismo. Como recuperei meu espaço? Escrevendo sobre buracos de rua e problemas de Porto Alegre. Remember Tolstoi, tovarich.

Só que…

…o Leste europeu é pródigo em bifurcações. A autoria dessa frase também é creditada a Anton Tchekhov.

Para não dizer que esqueci…

…de falar em flores, fazem  dois dias que sua Majestade Lula modelo 2023 não dispara uma fala que atormente os mercados e intranquilize seus ministros, entre eles, Fernando Haddad. Como mostrou a colunista Rosane de Oliveira comentando uma foto dele, está na cara que ele sentiu a punhalada vinda justamente por aquele que de amigo passou a muy amigo.

Parece que dona Janja também deu uma folga. Provavelmente aconselhada pelos marqueteiros do governo.

Governos de emergentes são como a bolsa de valores. Quando o mercado internacional espirra, a bolsa brasileira pega pneumonia.

A bancada da minoria

A Reforma Tributária vai pesar mesmo é no lombo do setor de serviços. Com o IVA projetado, o negócio é rezar para que o texto aprovado pelo Senado volte para Câmara dos Deputados, onde ainda acredito que existam cabeças pensantes.

Não as que barganharam cargos com o governo, mas os independentes. A má notícia é que são poucos. Pelo menos, só vai valer em 2024.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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