Um conto do Peru
Fazendo glugluglu mais alto que de costume, seu Peru chegou no bebedouro ao lado do galinheiro do sítio, onde a Galinha estava aprisionada. Ato contínuo, bebeu água para molhar as palavras.
– Eu sou o tal, dona Galinha. Eu sou o peru de Natal. Mas isso não é para teu bico, gentinha que a senhora é…
– Ainda que mal lhe pregunte, o que faz um peru de Natal? E quando será?
O peru olhou com pena para aquele ser inferior.
– Amanhã, minha cara. Na noite de Natal a família se reúne eu entro na sala di-vi-no maravilhoso enquanto eles cantam e distribuem presentes junto ao presépio e ao pinherinho cheio de bolas coloridas e luzes.
A galinha, que já tinha visto boi voar e passarinho pastar, não ficou lá muito convencida.
– E quem foi que te disse isso?
– Com inveja, né? Pois hoje de manhã cedo o patrão me pegou no colo e alisou minha crista dizendo “amanhã ocuparás o centro da mesa onde toda a família ficará ao teu redor. Serás o centro das atenções. Também conhecerás um primo da dona Galinha, que é um bicho parrudo, um tal de mister Chester. A avó dele veio dos Estados Unidos, imagina.
E olhou de soslaio para a pobre ave aprisionada.
– E tu aí, sem Natal, sem festa, sem presente, sem pinheirinho, presa aí no escuro, só sabe botar ovo… Olha, olha aí, lá vem o patrão me pegar!
No dia seguinte, seu Peru e mister Chester foram devorados pela feliz que alegre família do dono do sítio. O que sobrou deles fizeram um sopão no dia seguinte
Moral da história: é melhor ficar com o fiofó ardido do que nuca mais ter dor de cabeça.