Um cabide, uma espingarda

24 nov • A Vida como ela foiNenhum comentário em Um cabide, uma espingarda

Um cabide virava espingarda um cabide pequeno de atarrachar era um revólver, caminhão era feito (com imaginação, sempre) com  três latas cheias de areia e puxadas por uma cordinha presa no meio das latas – não atolava nunca -, e um cinamomo com galhos em V era a moradia de Tarzan. Pena que nunca encontrei uma Jane para brincar juntos. 

Quando meu pai visitou meus avôs na Alemanha, em 1952, trouxe-me um trator feito de lata. Brinquei até enjoar, fiquei deslumbrado.

Outro presente comprado na escala que o navio fez em Manaus chamava-se Contas e Lendas Amazônicas, com histórias do Caipora, que caminhava com os pés virados para trás, e a Uiara, deusa mortal que aparecia nas noites de Lua cheia no meio dos rios e seu canto atraía pobres mortais, que ela levava para o fundo. 

Fiquei tão excitado com essa lenda afogadora que uma noite fui para o Arroio Forromeco, em São Vendelino, para correr o risco. Sem acordar meus pais e irmãos, caminhei até o arroio distante meio quilômetro por uma picada no mato.

Comecei a ouvir vozes, vi vultos nos arbustos iluminados pelo luar, e me dei conta que não valia a pena morrer afogado aos nove anos.     

https://www.brde.com.br/

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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