Tudo proibido

18 jul • NotasNenhum comentário em Tudo proibido

Além da bandeira do Brasil, outras realidades podem ser consideradas propaganda eleitoral. Não pode cantar Hino Nacional, motos podem ser proibidas pelo mesmo motivo. No Rio Grande do Sul, matérias do agro mostrando fotos de vacas leiteiras também estão vedadas por ser propaganda eleitoral. Hino Riograndense nem pensar.

Sempre digo que algum dia vamos rir de tudo isso, essas manifestações beligerantes. Mas a essa altura estou na dúvida se será nesta vida.

O assalto do Meu Cantinho

Não recordo que tenha vivido tempos tão escalafobéticos como os atuais. Já tivemos momentos delicados na nossa história, tempos ruins, tempos trágicos, tempos de inflação de 2.800% ao ano, seis trocas de moeda. Mas não recordo de tempos tão insanos. Em princípio deveríamos rir, mas eis que me vem à lembrança um episódio que assisti em Florianópolis, SC, na segunda metade dos anos 1970.

https://cnabrasil.org.br/senar

Estava eu posto em sossego num simpático bar-chope, no Centro da cidade, muito frequentado por gaúchos. O nome era Meu Cantinho e uma placa com o equivalente em alemão, Mein Eckchen. A criminalidade era baixa na capital catarinense, por isso o proprietário achou que fosse trote quando um assaltante entrou no bar com um trezoitão cano longo na mão anunciando que era assalto. Até riu do cara, hahaha, como você é engraçado e coisa e tal. 

Neste momento, vendo que ninguém no recito o levava a sério, o assaltante deu um tiro para o alto. Foi um estrondo de acordar estátua de bronze. Abriu um buraco no gesso cartonado do teto e começou a cair farelo em cima da caixa registradora. Foi aí que caiu a ficha.       

– Mas não é que é assalto mesmo?

Pois eu estou achando que é um assalto também esse tempo, que seria cômico se não fosse trágico. Em todo caso, rir é o melhor remédio. Melhor que chorar as pitangas e se entregar pros homens. E isso que a bronca de verdade nem mesmo começou.

O corpo fala

O bom dos debates e manifestações de candidatos na televisão é que o eleitor fica próximo de quem fala, o que não era possível no tempo dos comícios, que permite ver as nuances não verbais da pessoa ou político. O livro “Os nove passos”, de Imnbau, Reid e Buckley, sobre técnicas de interrogatório e entrevistas, ensina que podemos dizer que o comportamento não verbal pode ser mais importante do que o verbal, bem como o comportamento não verbal é responsável por mais da metade da comunicação total. Como “ouvir” o corpo já é outro departamento.  

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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