Trovões distantes

27 out • NotasNenhum comentário em Trovões distantes

Hoje é quinta-feira e também dia de terminar o horário gratuito de propaganda eleitoral, para a tristeza das emissoras de TV que podem abater o custo cheio que seria cobrado para deduzir direto do imposto de renda. Em tese, a campanha nas ruas deve diminuir também, mas polarizado como está o cenário político pode até crescer.

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O imponderável já deu uma tacada com o caso Roberto Jefferson. Resta saber se este senhor quer repetir a dose com outro fato ou personagem. Mesmo que os raios diminuam de intensidade, as trovoadas por eles geradas continuarão chegando nos nossos ouvidos, porque o clima não é sólido para se desmanchar no ar.

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Até o final da apuração, veremos as mesmas queixas, as mesmas tentativas de impugnação ou alteração de resultados. Os trovões de domingo serão substituídos por chiadeira.

Meu Deus, como já vi esse filme ao longo da minha jornada a serviço das letras em sucessão. Como sempre digo´. em matéria de eleição reconheço o cego dormindo e o rengo sentado.

É como um mesmo sopão repetido todos os dias, meses, anos e decênios. No meu caso, mais de meio século. Sou quase tão antigo como promessa de político.

Perdidos na poeira

O primeiro político a fazer promessa foi Moisés, que prometeu a Terra Prometida. Levou quarenta anos de mandato, mas finalmente chegou lá. Contam que Moisés poderia perfeitamente ter marchado diretamente para a terra em questão, mas ficou dando voltinhas no deserto até que a geração nascida no Egito desse lugar ao sangue novo nascido no deserto.

Sorte dele que ainda não tinham inventado o GPS. Sofreria impeachment  se o eleitorado descobrisse que ficou aí zanzando e dando voltinha como bobina.

Neste caso, ONGs benemerentes mandariam o maná caído do céu para que os seguidores não morressem de fome. Um antecessor do Auxílio Brasil ou Fome Zero de hoje. Cadê o paraíso, meu?

Outro político prometedor foi – com todo o respeito – Jesus Cristo. Prometeu o paraíso, o inferno para os pecadores. Não se sabe se os que saíram desta para outra encontrara um ou outro, porque ninguém voltou para contar. Pelo menos os que foram para o inferno poderiam ter voltado para pedir outra chance. E me deu uma ideia.

Eles sempre voltam

Há países em que o eleitor pode exigir zero a zero e bola ao centro, um recall dos eleitos. Mas nos tempos que correm não seria possível.

O Centrão da Câmara dos Deputados se elegeria de novo, de novo e de novo novamente. O que sugiro para uma depuração seria a figura do VAR, como no futebol. Às vezes, o VAR vê o que ninguém mais viu ou não viu o que todos viram. Não, nem ele resolveria.

O fundados da Embraer, Osíris Silva, disse que lei boa é lei velha. De pleno acordo. Cada vez que criam uma nova pioram a existente.

Também não acredito muito em democracia e voto. Dizem que o povo é sábio. Fosse, não seria povo e moraria em bairros de luxo com três automóveis do ano na garagem.

Em Porto Alegre, o PT inventou o Orçamento Participativo, consultando o povo mesmo para opinar sobre complexos problemas de engenharia.

Democracia das corcovas

O camelo é fruto do Orçamento Participativo. De palpite em palpite criaram um bicho com uma bocarra com dentes salientes que cospe em quem se aproxima, houve divisão quanto ao lombo, uns queriam em curva de outros lombo plano e liso.

O que saiu – depois da reunião do Grupo de Trabalho – foram aquelas corcovas e o canyon embaixo. Sem falar nas pernas compridas que obrigam o pobre animal fazer para o que não foi projetado, ter que dobrar as pernas dianteiras para comer e beber água. É uma animal-elevador. 

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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