Testemunha silenciosa

24 jan • A Vida como ela foiNenhum comentário em Testemunha silenciosa

Na segunda metade dos anos 1990, eu fazia parte de um grupo de jornalistas e publicitários que almoçavam duas ou três vezes por semana em algum lugar de comer bem. Entre esses pontos estava a Churrascaria Mosqueteiro, no Estádio Olímpico.

O proprietário se chamava Régis. Entre outros achados, ele criou o espeto 3 em 1, picanha, alcatra e maminha. Para acompanhar ou para comer solo, arroz de galinha e feijão mexido como nunca mais encontrei.

Em uma sexta-feira, estávamos aboletados na mesa, quando chegou o Paulo Sant’Ana, todo prosa, como de hábito. Sentou à nossa mesa, pegou a palavra e não a devolveu mais.

-Em dado momento, levantou-se e foi para o banheiro. Era diabético e, para não constranger as pessoas, injetava insulina no banheiro.

Minutos depois, voltou com a cara amarrada como se envolta em  fita isolante. Explicou que, ao entrar, viu, no mictório ao lado, um jovem grunge, como se chamava na época. Retirou a seringa do bolso, tirou a ampola puxando o êmbolo, e quando ia se plicar a injeção, o alternativo botou a mão na boca como a direcionar a fala.

– Tio, vai firme que não estou vendo nada…

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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