Sobre feriados e feriadões

1 fev • NotasNenhum comentário em Sobre feriados e feriadões

Cidades gaúchas que têm rio também têm hora extra em matéria de religiosidade. E, eventualmente, de atrações turísticas.

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O dia de Nossa Senhora de Navegantes, dia 2 de fevereiro, é feriado. Como a santa tem o equivalente nas religiões afro, Iemanjá, é uma das comemorações. Então é uma semana capenga. Desde o início da semana, observa-se a queda no fluxo de pessoas nas ruas, carros e negócios.

Sempre se diz “depois do Carnaval” por aqui. Só que nós temos dois destes períodos, o outro é “só depois do feriado de Navegantes”. Como é quinta, feriadão à vista.

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O poeta pernambucano Ascenso Ferreira resumiu assim o espírito brasileiro. Em um poeminha curto chamado Filosofia, escreveu:           

Hora de comer- comer           
Hora de dormir – dormir           
Hora de vadiar -vadiar           
Hora de trabalhar – pernas pro ar, que ninguém é de ferro

O mesmo Ascenso é autor de outro poeminha que a gauchada acha uma ofensa. Perdão, nem todos. Eu ri muito quando li.           

Lá vêm os gaúchos em louca disparada           
Pra que? Pra nada!

O golpe da procissão

Porto Alegre teve procissão fluvial de Navegantes de respeito até meados dos anos 1980. A estátua da santa era carregada da Igreja do Rosário até o cais. De onde era levada por um barco seguido por centenas de pequenas embarcações no seu melhor momento até a Igreja de N.S. dos Navegantes.

Foi então que alguém aplicou o golpe da proibição. Em 1988, o barco Bateau Mouche naufragou na Baía da Guanabara, matando 55 pessoas. O inquérito revelou que faltavam coletes salva-vidas e outros equipamentos de segurança – eram 242 pessoas no barco, configurando superlotação. Foi uma tragédia tão impressionante que à simples menção “Bateau Mouche”, praticamente todos os brasileiros sabem o que foi ou tem uma ideia.

Não foi bem assim

Como em todo o Brasil, a Marinha brasileira passou a exigir tolerância zero nas embarcações que transportavam pessoas. Fez o mesmo em Porto Alegre. Mas alguém espalhou – a imprensa caiu nessa esparrela – que ela havia proibido a procissão fluvial de Navegantes. Não proibiu, averiguei eu na época, só queria segurança total.

O golpe? Um dos dirigentes da organização fez uma promessa à santa relativa à saúde de um familiar, que se ele se curasse, a procissão não mais seria realizada pelo Guaíba, mas sim a pé, da Igreja do Rosário até a Igreja N.S., Navegantes. E assim foi feito…

Melancia e cachaça

O feriado de Navegantes é a festa mais popular da capital gaúcha. No passado, fazia parte da tradição comer muita melancia. Espalhou-se a lenda que, depois de comer melancia, era bom tomar canha para evitar “cogestã”.

A vox populi é de lascar. Cachaça serve para tudo. No verão, esfria; no inverno, esquenta. Fosse verdade, substituiria o ar condicionado.

Holística

Com o tema “Ressignificar 2023” será realizado, de forma híbrida, o 22º Encontro Holístico Gaúcho, nos próximos dias 4 e 5, no Hotel Plaza São Rafael. Informações e inscrições: (51) 99231-9881.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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