Síndrome de Simpson
Tinha prometido para mim mesmo não voltar ao samba de nota só da Lava Jato, Joesley e meandros que a imprensa escrita, falada e televisionada vem exaustiva e monotonamente repetindo. No futuro, este capítulo vai ser devidamente dissecado, então veremos os erros monstruosos que foram cometidos. Melhor dizendo, os erros monstruosos que não foram pinçados e analisados pelos meios de comunicação. E está cheio deles.
Então volto, e volto no dia que que o Supremo discute a validade do depoimento de Joesley Batista – aliás, por que o irmão dele nunca foi ouvido e cheirado? E se não quis falar, por que ninguém levantou essa lebre? Ou ele é algum tipo de garganta profunda, quem sabe.
O fato é que, antes de validar o depoimento, a Corte deveria era cotejá-la com outras entrevistas dele, porque, uma hora, ele disse “não vi Temer há tempos” e, para a revista Época, informou que o presidente vinha sempre pedir dinheiro a ele. Não em entendam mal, não estou livrando a cara do presidente, mas ou fazemos a coisa certa ou ressuscitamos o juiz Lynch, aquele cujo nome deu origem ao termo linchamento.
E ninguém fala mais na perícia da fita que deu origem ao rolo. Em um país honesto, antes de dar o segundo passo, o resultado desta perícia deveria ter vindo a lume. Aliás, deveria ser anexada ao processo inicial porque era conhecido o fato de que ela fora editada. Se atingiu ou não partes vitais da conversa é outro papo, o fato é que ela não era uma gravação virgem. E como tal, permitia suspeitas jurídicas, pelo menos.
Por muito menos O.J. Simpson se livrou da cana porque o processo foi anulado, a cena do crime fora violada embora todos soubessem que ele era o cara. Mas, lei é lei.